A União Astronômica Internacional (IAU) oficializou: um asteroide descoberto em 2016 agora oficialmente se chama (588905) Salvadornogueira. O corpo celeste, localizado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, recebeu este nome em homenagem ao jornalista científico Salvador Nogueira, colunista da Folha de S.Paulo.
Não é todo dia que um jornalista conquista o céu, literalmente. E, agora, Nogueira pode dizer que tem um pedacinho do Sistema Solar com seu nome gravado nos registros oficiais de tudo o que conhecemos sobre o espaço.
Quem é Salvador Nogueira?
Nascido em 1979, Nogueira construiu uma carreira sólida como um dos principais divulgadores da astronomia e da exploração espacial no Brasil. Trabalha como jornalista na Folha desde o ano 2000 e, também lá, produz conteúdo para a coluna e blog Mensageiro Sideral há mais de dez anos.
Salvador é o principal fomentador do noticiário espacial da Folha, noticiando desde descobertas de exoplanetas a testes de defesa planetária envolvendo manobras espaciais para lá de cinematográficas — como foi com o impacto da sonda DART contra um asteroide em 2022. Também foi um dos jornalistas brasileiros a cobrir com profundidade a detecção das ondas gravitacionais em 2016, além das recentes controvérsias sobre lixo espacial e satélites em órbita.
Além de seu trabalho notório da Folha, foi editor de ciência e saúde do G1 e escreve para a revista Pesquisa FAPESP, mantendo ainda presença ativa em outras plataformas de divulgação de maneira pontual.
Sua trajetória combina rigor científico com clareza jornalística, traduzindo temas complexos em linguagem acessível às massas. Por isso, é reconhecido como referência na cobertura responsável de assuntos astronomia e astronáutica, em um país onde a desinformação científica ainda encontra terreno para lá de fértil.
Enquanto autor, Nogueira publicou mais de dez livros. Para citar alguns… Rumo ao Infinito (2005) revisita a aventura humana na conquista do espaço; Conexão Wright-Santos-Dumont (2006) examina a disputa pela invenção do avião; Extraterrestres (2014) discute a busca científica por vida fora da Terra; Ciência Proibida (2015) mergulha em experimentos extremos e dilemas éticos da pesquisa; Einstein – Para entender de uma vez (2017) apresenta de forma acessível as ideias do físico. Mais recentemente, e 2023, lançou Exoplanetas, explorando um dos campos mais férteis da astronomia contemporânea.
Mas seu trabalho não se limita à redação: Salvador Nogueira esteve ainda envolvido no projeto Garatéa-L, primeira missão lunar idealizada no Brasil, na qual responsável pela comunicação da iniciativa que uniu universidades e institutos nacionais em torno da astrobiologia. Fora da esfera jornalística, é também editor-chefe do portal Trek Brasilis, a maior referência em Star Trek no país. Por fim, também publicou um conto de ficção científica chamado Stranger in the night na revista Nature — feito raro para autores brasileiros.
Sobre o asteroide (588905) Salvadornogueira
O objeto em questão fica no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, tem cerca de dois quilômetros de diâmetro e foi descoberto em 2016, por meio do Catalina Sky Survey, no Arizona. Quem sugeriu nomeá-lo em homenagem a Salvador Nogueira foi Cristovão Jacques, sócio-diretor do Observatório Sonear de Minas Gerais e descobridor do asteroide.
O motivo é justamente reconhecer, em grande estilo, a relevância do profissional na divulgação popular de missões espaciais e fenômenos astronômicos. Afinal, Nogueira é referência no jornalismo científico brasileiro — além de grande inspiração na atuação profissional da jornalista que assina esta notícia.
Batizar um asteroide com o nome de um jornalista é um gesto incomum e até mesmo simbólico. Tal atitude reconhece a importância da imprensa especializada em aproximar ciência e sociedade. Num cenário em que alarmismos sobre asteroides “apocalípticos”, fake news sobre vacinas e negacionismo climático desinformam e confundem o público, trabalhos como o de Salvador Nogueira funcionam como uma espécie de linha de defesa contra a anticiência. E, agora, essa atuação exemplar ganha também um registro permanente em nosso quintal espacial.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

