Em 9 de novembro de 1934 nascia Carl Edward Sagan, que se tornaria um dos maiores cientistas não apenas do século 20, como da história. Astrônomo, astrofísico e cosmólogo, trabalhou com a NASA em diversas missões espaciais históricas que, sem sua colaboração, talvez não tivessem desvendado tantos mistérios sobre o Sistema Solar. Nesta matéria, você entende melhor quem foi Carl Sagan e por que ele faz falta neste mundo.
O cientista também deixou sua marca enquanto escritor e divulgador científico, inspirando outros que seguiram pelo caminho da didática popular para disseminar conhecimento científico às massas. Esse dom de transmitir conhecimento técnico como se estivesse contando uma simples história é uma das características mais notáveis de Sagan — e graças a isso sua série Cosmos venceu dois prêmios Emmy e um Peabody em 1981.
Carl Sagan faleceu com pneumonia no dia 20 de dezembro de 1996, aos 62 anos e apenas dois anos após receber o diagnóstico de mielodisplasia. A também chamada de síndrome mielodisplásica é na verdade um conjunto de doenças que causam falência da medula óssea, resultando na produção de células sanguíneas defeituosas e, como consequência, tornam-se cancerosas, podendo causar leucemia.
Se estivesse vivo, estaria agora comemorando 90 anos. Impossível não fantasiar com esta ideia, imaginando o quanto de conhecimento adicional sobre o universo nós não teríamos a essa altura se Sagan ainda estivesse por aqui. Afinal, faz sentido pensar que um cientista tão apaixonado por sua área de atuação continuaria com a mente funcionando a todo vapor mesmo em tão avançada idade — tal qual o naturalista David Attenborough que, aos 93 anos em 2019, lançava mais uma série documental sobre ciências naturais (Nosso Planeta, da Netflix).
Entre as várias missões espaciais da NASA que tiveram o “toque” de Sagan, destacam-se as Mariner, que estudaram Vênus nos anos 1960; a Viking 1, a primeira a pousar uma sonda em Marte em 1976; e a Voyager, que em 1977 lançou duas sondas para explorar planetas distantes no Sistema Solar e além, levando consigo dois discos de ouro — idealizados por Sagan — contendo registros do planeta Terra e da humanidade, uma espécie de “mensagem na garrafa” espacial.
Autor de mais de 600 artigos científicos, Sagan também lançou mais de 20 livros, criando obras de ciência, ficção científica e até romances. Na televisão, ficou famoso como autor e apresentador da premiada série Cosmos: Uma Viagem Pessoal, de 1980, exibida na TV aberta brasileira em 1982 aos domingos logo após o Fantástico, na Rede Globo. A obra ainda rendeu um livro homônimo registrando, no papel, todo o conteúdo da produção audiovisual.
A série foi atualizada para os tempos mais modernos graças à esposa de Sagan, Ann Druyan, que trabalhou com o marido na produção original e se manteve como produtora de Cosmos: Uma Odisséia do Espaço-Tempo, de 2014, desta vez apresentada pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson. Já em 2020, a dupla lançou uma nova temporada chamada Cosmos: Mundos Possíveis.
Tyson, por sinal, tornou-se um importante divulgador científico do século 21 justamente seguindo a “escola” Carl Sagan de se comunicar com o público leigo, mostrando que a didática popular característica de seu ídolo é realmente eficaz e irretocável.
Em 1990, quando a Voyager 1 estava prestes a desligar suas câmeras para sempre, Sagan pediu à diretoria da missão que virassem as lentes da sonda para que ela tentasse tirar uma fotografia da Terra a distância. Como ela estava a 6 bilhões de quilômetros de nós, conseguir captar nosso planeta em meio à escuridão do espaço seria como dar um tiro no escuro e acertar. Sagan e o time da NASA acertaram em cheio.
O resultado foi uma foto que ganhou o nome de Pálido Ponto Azul (“Pale Blue Dot”, originalmente em inglês), pois a Terra aparece na imagem como um pontinho levemente azulado “flutuando” em um raio luminoso. E essa foto marcou toda uma geração, pois a poética interpretação de Carl Sagan àquele registro fez com que todos enxergassem nosso planeta sob uma nova perspectiva.
A comoção foi tamanha que, em 1994, Sagan acabou lançando um livro também chamado Pálido Ponto Azul, repleto de reflexões pertinentes sobre a Terra, a humanidade, a natureza e nossa própria existência em meio a um universo muito maior do que somos capazes de conceber. Quando viu nosso planeta parecendo apenas um pontinho frágil e inexpressivo naquela imagem, Sagan se viu ponderando sobre nossa insignificância em meio à vastidão do espaço, contra nossa importância por sermos especiais, já que até então somente conhecemos um planeta capaz de sustentar a vida — este aqui, o nosso.
“Olhem para este ponto. Isso é a nossa casa. Isso somos nós. Nele, todos a quem ama, todos que conhece, todos de quem já ouviu falar, todo ser humano que já existiu, viveu a sua vida aqui […] todos os santos e pecadores da história da nossa espécie viveram ali, num grão de poeira suspenso num raio de sol”
A mensagem principal com a divulgação de Pálido Ponto Azul é a de que, ainda que o espaço seja imenso e que nosso planeta seja apenas um pontinho em meio à escuridão, somos especiais e vivemos em um mundo especial, pois não se conhece nenhum outro que possa substituir este caso ele seja destruído.
Triste é pensar que, 34 anos depois, o discurso de Sagan para preservarmos “este grão de poeira suspenso em um raio de sol” continua sendo absolutamente necessário — eu diria até mais do que necessário, a mensagem do cientista hoje é imprescindível, fundamental, crucial, visto que estamos muito perto de passar do ponto de não retorno com as mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis, e temos pouquíssimo tempo para evitar uma catástrofe global sem precedentes.
Basicamente, estamos fazendo o contrário do que Carl Sagan tão poeticamente pediu que fizéssemos em 1990, que era valorizar e preservar o mundo em que vivemos, já que não há outro igual que possa nos receber caso este seja condenado à aniquilação.
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