Ciência

SP decreta emergência de saúde pública para dengue

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo decretou, nesta quarta-feira (19), a situação de emergência em saúde pública no estado devido à persistência e agravamento da epidemia por dengue. O anúncio foi feito no Instituto Butantan pelo secretário Eleuses Paiva.

A principal justificativa para a mudança de patamar está no reconhecimento da alta incidência da doença no estado – 300 casos para cada 100 mil habitantes –, atingindo 225 municípios. Sessenta destes já instituíram decretos municipais de emergência em razão da doença. Dados estaduais confirmam 124 mil casos da doença este ano, com 113 óbitos, segundo o painel do Núcleo de Informações Estratégicas em Saúde (Nies), estadual. Ainda estão em investigação 233 óbitos.

De acordo com o Ministério da Saúde, neste ano, já foram registradas no país 131 mortes pela doença. No ano passado, a dengue causou a morte de 6.216 pessoas no Brasil, das quais 2.174 no estado de São Paulo. Normalmente, o período de maior incidência da doença ocorre entre abril e junho, como ocorreu no ano passado.

O diretor do Butantan, Ésper Kallas, acompanha o desenvolvimento da vacina de dose única contra a dengue desde os seus estágios iniciais, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O imunizante está em fase final de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda não foram divulgados planos ou prazos para produção e disponibilização em massa. Tanto Kallas quanto Paiva têm assento no Centro de Operações de Emergências para as Arboviroses (COE), colegiado que recomendou o decreto.

Medidas de apoio

Na reunião do COE foram anunciadas medidas de reforço para o combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, e para o atendimento aos pacientes. Está previsto aumento de 20% no que a Secretaria de Saúde chama de Teto MAC (Média e Alta Complexidade), ou seja, um pagamento maior para custear o atendimento de pacientes graves da doença em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

A pasta também liberará mais R$ 3 milhões em equipamentos de nebulização para combater o vetor (mosquito) e um valor ainda não informado de medicamentos e itens de saúde, como sais de reidratação oral e soro fisiológico, que serão repassados a municípios onde o abastecimento dos insumos esteja prejudicado.

A área de Comunicação anunciou reforço nas campanhas de conscientização, como o portal Dengue 100 Dúvidas e a campanha multimídia São Paulo: Somos Todos Contra O Mosquito da Dengue, como meios de manter a população em alerta para a importância de vigiar o aparecimento de criadouros.

*por Guilherme Jeronymo | Agência Brasil

Vacina do Butantan como aliada

Eleuses apontou uma série de medidas contra a dengue no estado, entre as quais mais investimentos em contenção de criadouros, mais medicamentos e ampliação de 20% de leitos no Sistema Único de Saúde, financiadas pelo repasse de R$ 225 milhões anunciado na instalação do COE em janeiro deste ano. Além disso, reforçou a importância do investimento na vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, que está em processo de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o secretário, somente com a vacinação em larga escala o país terá condições de se livrar da epidemia de dengue que surge todos os anos.

“Nós estamos dando toda a estrutura ao Instituto Butantan para conseguirmos uma produção de vacina adequada porque vivemos mais uma vez uma epidemia de dengue. Só temos um jeito de acabar com a dengue no nosso país, que é ter condições de pôr vacina no braço de todos os brasileiros. Nesse sentido, temos todo o empenho do Butantan, do governo e da secretaria para focarmos nisso”, disse Eleuses. 

O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, que participou da reunião do COE, afirmou que o Instituto está trabalhando na resposta à Anvisa, após a devolutiva da agência sobre o pedido de registro da vacina, feito em 16 de dezembro de 2024. A Butantan-DV é o único imunizante de dose única desenvolvido contra a dengue, capaz de neutralizar os quatro sorotipos do vírus.

“Tanto a Anvisa quanto o Instituto Butantan têm um objetivo comum, cada um desempenhando o seu devido papel, de chegar com um produto mais seguro e de melhor qualidade possível para os brasileiros. Estamos trabalhando nas respostas e pretendemos já, nas próximas semanas, ter todo o pacote enviado de volta para a apreciação da Anvisa”, destacou Esper Kallás.

Paralelamente a isso, o diretor afirmou que o Butantan vem discutindo com o Ministério da Saúde as formas de incorporação da vacina e um cronograma de entrega de doses, em caso de aprovação.

“Em 2025, estamos trabalhando nas etapas finais de acerto dos processos e da produção dos lotes iniciais, prevendo a entrega de 1 milhão de doses, que representaria 1 milhão de pessoas vacinadas. Em 2026, escalonaríamos e entregaríamos mais 60 milhões de doses; e em 2027 mais 40 milhões de doses, para fazermos a curva de vacinação da população brasileira”, esclareceu Esper Kallás.

*por Camila Neumam | Portal do Butantan

Veja nossa campanha de financiamento coletivo, nosso crowdfunding.

Conheça os canais do Drops de Jogos no YouTube, no Facebook, na Twitch, no TikTok e no Instagram.

Drops de Jogos

Posts Recentes

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!