Como dialogam arte, design e tecnologia? E-book gratuito aponta encontros e desencontros

Do Jornal da USP. Estabelecer conexões com pesquisadores de diferentes regiões do Brasil e do exterior que entrecruzam arte, design e mídias digitais é a proposta do Grupo Arte, Design e Mídias Digitais (GP_ADMD), vinculado à Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ao lançar Arte-Design-Tecnologia: Tensões e Distensões.

A edição está no Portal de Livros Abertos da USP neste link. Em oito capítulos dispostos em 236 páginas com fotos pontuais, os textos surpreendem por agregar pesquisas e, conforme o título da publicação, “tecem tensões e distensões viabilizadas pelo atravessamento de temas relacionados à arte, ao design e à tecnologia”.

A edição foi organizada por Monica Tavares, Juliana Henno e Priscila Guerra. “Ao convidarmos pesquisadores externos ao grupo, buscamos sobretudo resgatar abordagens transversais que, embora não desenvolvidas diretamente no grupo, são igualmente relevantes para o debate contemporâneo dessas três áreas”, esclarecem as pesquisadoras na apresentação do livro. “Um dos principais desafios desta publicação foi realizá-la em versão bilíngue, em português e inglês — o que também reflete nosso segundo objetivo: ampliar a difusão do conhecimento produzido aqui, tecendo redes em outros contextos linguísticos e culturais.”

Oito capítulos relevantes para o debate contemporâneo

Segundo as pesquisadoras Monica Tavares, Juliana Henno e Priscila Guerra, o primeiro capítulo, intitulado “Contranarrativas Curatoriais: Aproximações e Contaminações em Exposições de Arte Contemporânea”, de autoria de Ananda Carvalho, traz reflexões sobre a curadoria de exposições no campo da arte contemporânea. No segundo capítulo, intitulado “Ouvindo os Materiais: Diálogo entre Práticas Digitais e Analógicas no Design de Robôs Sociais”, as autoras Belinda Dunstan e Priscila Guerra, investigam a proposta de “envolver os materiais e suas qualidades como participantes ativos no processo de design”.

O terceiro capítulo, “Lentificação da Catástrofe: Enquadramento Performativo na Obra Erupulsões”, de Eduardo Mondelli, apresenta o processo de criação do vídeo Erupulsões (2022), por ele produzido e exibido na 22ª Bienal Sesc Videobrasil. No quarto capítulo, “Sendo – Percurso de uma Subjetivação”, Eduardo Salvino discute os perigos dos modelos de algoritmos preditivos, que dissimulam o controle e a vigilância digitais, minando os direitos das pessoas e corroendo, em passos largos, a própria democracia.

O quinto capítulo, “Prancheta para Desenho para Facilitar a Prática Artística de Pessoas com Deficiência Visual: Processo de Criação de Projeto Conceitual”, é de autoria de Elizabeth Romani, Denise Dantas e Paulo Henrique Lima da Rocha. Os autores enfatizam a importância da participação plena e igualitária de pessoas com deficiência no convívio social. O texto propõe uma educação mais inclusiva com maior autonomia para estudantes com deficiência visual por meio da integração de tecnologias assistivas ao processo de aprendizagem.

O sexto capítulo é de Larissa Macêdo, intitulado “Práticas Artísticas e Curatoriais nas Redes Sociais: Algoritmos e Encruzilhadas”, e reflete criticamente sobre as práticas curatoriais, negras e brasileiras, compartilhadas nas redes sociais no início da década de 2020. O sétimo capítulo, “Forma contra Função: Preto Matheus e a (Pseudo)ilegibilidade Poética da Letra”, de autoria de Miguel de Ávila Duarte, investiga como, no trabalho artístico de Preto Matheus — designer de formação que utiliza o grid como ferramenta de criação —, a dimensão lúdica da decifração da letra é priorizada em detrimento das convenções tradicionais de legibilidade.

Monica Tavares, Juliana Henno e Chi-Nan Pai assinam o oitavo e último capítulo, intitulado “Digitalização 3D, Design Paramétrico e Fabricação Digital no Contexto da Criação de Produtos Assistivos”. Ao destacar as potencialidades tecnológicas da digitalização 3D, do design paramétrico e da fabricação digital, o texto explora de que forma tais instrumentos tecnológicos podem impulsionar o desenvolvimento de produtos assistivos.

As organizadoras, Monica Tavares, Juliana Henno e Priscila Guerra, observam: “Convidamos todos a iniciarem a leitura com a confiança de que os textos aqui reunidos contribuirão para a ampliação do repertório crítico e atuarão como fricções conceituais potentes”.

O e-book Arte-Design-Tecnologia: Tensões e Distensões pode ser acessado no Portal de Livros Aberto da USP neste link.