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Inteligência artificial: o futuro da criação e experiência em jogos mobile. Por Luiz Piccini

*Por Luiz Piccini, Diretor de Parcerias e Publicação da Wildlife Studios. Artigo foi enviado com exclusividade ao Drops.

No começo deste ano, uma equipe gastava uma semana para prototipar uma nova mecânica de jogo. Hoje, esse mesmo time faz isso em um dia. O avanço da inteligência artificial (IA) aumentou muito a velocidade de desenvolvimento, remodelando fundamentalmente a forma como os jogos são concebidos, desenvolvidos e testados.

Segundo a pesquisa “AI Meets the Games Industry”, do Google Cloud, realizada neste ano, 90% dos desenvolvedores de games afirmam já usar IA em seu trabalho, e 97% acreditam que a tecnologia está transformando a indústria. Estamos testemunhando uma era em que a IA não é apenas mais uma ferramenta, mas um elemento essencial para a próxima geração de entretenimento interativo.

A IA como pilar do desenvolvimento em jogos mobile

A Inteligência Artificial já permeia todas as áreas e fases do desenvolvimento de jogos mobile. A prototipagem rápida é o ganho mais claro. Designers e gerentes de produto criam e testam funcionalidades (ou jogos inteiros) de forma autônoma, sem depender de engenheiros na fase inicial. Isso não apenas acelera o desenvolvimento, mas melhora o processo como um todo: testar 10 conceitos em vez de três, ao mesmo tempo, significa uma maior chance de acertar.

Além disso, a IA já é usada na produção em assets gráficos, áudio, animações, localização de texto e voz, assistência de código, análise de dados e criação de vídeos de marketing. A exploração é contínua: novos usos aparecem toda semana, e as práticas existentes melhoram a cada modelo lançado.

Para o jogador, a IA também ajuda a entregar melhorias mais rapidamente. Ajustes que antes demoravam dias (ou eram despriorizados por falta de capacidade) agora podem ser feitos em questão de horas ou até minutos. O resultado: versões aprimoradas chegam aos jogadores mais rápido, e bugs menores deixam de acumular no backlog. Uma maior velocidade também resultou em um aumento de ciclos de iteração por sprint. Fazer mais testes no mesmo período eleva significativamente a qualidade do produto final.

Desafios atuais e as próximas fronteiras da IA em jogos

Apesar dos avanços, a implementação e escalabilidade de soluções de IA apresentam desafios consideráveis. Os principais pontos de atenção observados estão na consistência e no equilíbrio entre qualidade e custo. Em consistência, percebe-se que as saídas das IAs têm uma grande variação, mesmo usando um modelo fixo, e essa variação tende a disparar quando novos modelos são lançados ou quando há uma transição para um modelo diferente. Além disso, as empresas estão aprendendo como balancear qualidade, custo e velocidade com IAs, o que representa um novo tipo de decisão para o mercado.

Olhando para o futuro, duas grandes fronteiras que se vislumbram para a IA em jogos mobile são o uso dessa tecnologia no centro do gameplay e para uma maior personalização da experiência do jogador. Alguns protótipos já exploram NPCs (personagens não controlados pelo jogador) com comportamento adaptativo em tempo real – personagens que aprendem com as ações do jogador e conduzem diálogos únicos, não roteirizados. Outros testam geração procedural inteligente de níveis e narrativas dinâmicas que seriam inviáveis há poucos anos. Do lado da personalização da experiência, embora já existam muitos sistemas para fazer o jogo se adaptar ao usuário, com a IA é possível levar essa personalização a um novo nível, criando experiências individuais para cada jogador, com dificuldades e eventos perfeitamente ajustados. Esta vai ser uma mudança mais incremental, que já está em curso e continuará a se desenvolver pelos próximos anos.

O impacto na indústria

Estamos diante de uma mudança estrutural na indústria. Estúdios que dominam a aplicação de IA conseguem testar mais hipóteses, validar conceitos mais rápido e lançar jogos de maior qualidade. Isso redefine a viabilidade de ideias: projetos que antes eram arriscados demais pelo custo de validação agora se tornam testáveis. É possível fazer mais com os mesmos recursos, permitindo que mais desenvolvedores entrem no jogo.

Ainda estamos no começo dessa transição, e a indústria está aprendendo onde a IA realmente é útil, e onde é apenas ruído, mas uma coisa já está clara: a Inteligência Artificial será um motor para a inovação e um pilar fundamental para o futuro dos jogos mobile, pavimentando o caminho para experiências mais ricas, personalizadas e eficientes.

Inteligência Artificial — Foto: Reprodução/Creative Commons

*Luiz Piccini é Diretor de Parcerias e Publicação na Wildlife Studios. Ex-consultor da Bain que se tornou criador de jogos, co-liderou o Tennis Clash (nº 1 em 78 países; mais de 200 milhões de downloads) e dirigiu o Sky Warriors desde a concepção até o lançamento. Liderou a incubação de novos jogos e a prototipagem com IA da Wildlife. Atualmente, faz parcerias com estúdios externos para publicar jogos de terceiros, aproveitando os pontos fortes da Wildlife em distribuição e seu conhecimento em live-ops.

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