Existem eventos importantes na área de games que acontecem durante o ano, no Brasil, que são importantes tanto pela configuração funcional quanto pelo que representam para toda comunidade. O SBGames é um desses mas vai muito além de ser apenas um evento importante: ele representa o encontro anual entre a academia, a produção cultural/intelectual e a indústria de jogos eletrônicos. Além de ser realizado há mais de 10 anos, sua principal característica é acontecer a cada ano num estado brasileiro diferente, facilitando assim a integração das regiões e suas particularidades.
Essa característica no entanto é a principal cruz que o evento carrega, dada as dimensões continentais do Brasil e os custos envolvidos na mobilidade tanto para ir e participar quanto para expor suas produções. Quem foi não deixou de perceber isto, tanto nas palestras quanto (principalmente) no festival de jogos. Alguns inscritos que foram selecionados para apresentar seus jogos não estavam lá nem mesmo para receber os prêmios conquistados.
Curiosamente a pergunta que mais ouvi, tanto em conversas informais quanto em entrevistas, foi algo parecido com "como anda a aproximação entre academia e indústria". Tal pergunta não faz sentido apenas pela motivação do evento mas principalmente porque nos países lideres em desenvolvimento de tecnologia de entretenimento digital ambas andam de braços dados. No Brasil a academia e a indústria andam perto uma da outra mas não dão as mãos explicitamente. Isso precisa mudar e mudar logo.
No SBGames 2018 a academia se fez presente com sua força e produção. Destaco, por ser de interesse de ambas as partes, a apresentação e debate do resultado do censo 2018.
Academicamente falando é interessante saber quantas mulheres são sócias de empresas brasileiras embora um dado mais interessante seria quanto tempo as mulheres jogam, que tipo de jogos elas preferem, qual a faixa etária delas e que expectativas elas tem de consumo. Por óbvio, este é o dado que o mercado produtor precisa ter em mãos, para efetivamente promover a diversidade.
Não é preciso destacar que para além das atividades oficiais do evento, a grande festa de amizade e confraternização que o SBGames promove é essencial para o amadurecimento e fortalecimento do mercado de jogos brasileiro.
Se você (da indústria principalmente), não foi ao SBGames deste ano seja por que razão for, lembre-se que o mercado produtor não existe por si só e depende do esforço de cada um para concretizar de fato um sonho que existe há mais de 30 anos.
Renato Degiovani é o primeiro game designer de jogos digitais, desde 1981. É colunista do site Drops de Jogos no espaço DEV.LOG, com textos regulares sobre sua experiência de décadas. Foi o desenvolvedor do jogo Amazônia, é conhecido na comunidade nacional do aparelho MSX, editou a revista Micro Sistemas e é responsável pelo espaço TILT Online.
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