Dados da pesquisa TIC Domicílios 2024 escancaram o quanto nosso país ainda está longe de um ideal de equidade social, com extrema disparidade entre as classes sociais no que diz respeito ao acesso à internet. Apesar de 85% dos lares brasileiros estarem conectados em 2024, ainda existem 29 milhões de pessoas sem conexão alguma em suas residências.
Como a pesquisa começou a ser realizada em 2005, há praticamente duas décadas de dados para cruzar e, assim, o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) proporciona uma visão bastante ampla e detalhada quanto ao avanço da internet no Brasil — e também quanto às desigualdades no território nacional.
Por exemplo, em 2005 apenas 13% dos domicílios urbanos acessavam a internet, número que subiu para 85% neste ano. É um avanço significativo, que se traduz em mais inclusão digital e, consequentemente, em mais possibilidades de acesso à educação, trabalho, cultura, etc.
Mas essa inclusão ainda enfrenta desafios preocupantes. É que só 22% dos lares brasileiros contam com uma “conectividade significativa” — isto é, internet de alta velocidade em mais de um dispositivo conectado por domicílio. Para piorar, essa parcela da população que tem “o melhor do melhor” da internet é majoritariamente composta pelos mais favorecidos economicamente. 73% deste percentual faz parte da classe A, e apenas 3% está nas classes D e E.
Ou seja: o pobre até consegue acessar a internet, mas a trancos e barrancos.
Outro recorte social que podemos fazer ao analisar os dados da TIC Domicílios 2024 é que, enquanto todas as casas da classe A brasileira têm acesso à internet, esse número cai para 68% quando o assunto são as classes D e E.
São 29 milhões de brasileiros sem acesso à internet em casa, e a maioria desse total mora em áreas urbanas e pertencem às classes menos favorecidas da população, como era de se imaginar. Falta de infraestrutura adequada e baixo poder aquisitivo para arcar com os custos elevados de planos de internet estão entre as principais causas desta injusta realidade.
Confirma-se também uma mudança perceptível nas preferências de acesso do brasileiro. Hoje, 60% dos usuários de internet só se conectam pelo celular, sendo que a maioria desse percentual pertence às classes mais baixas da sociedade. 86% dos usuários das classes D e E somente se conectam pelo smartphone.
Enquanto isso, a televisão superou o “bom e velho” computador como dispositivo de preferência para usar a internet. 60% das pessoas preferem acessar a rede pela smart TV, sendo que até 2019 esse número era de 37%.
A pesquisa completa se aprofunda em muito mais dados do que os reunidos nesta matéria, na qual fizemos um recorte simplificado e focado apenas no acesso à conectividade de acordo com a classe social. Para saber mais sobre como o brasileiro está usando a internet em 2024, acesse a pesquisa TIC Domicílios 2024 disponível no site do Cetic.br.
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