Tecnologia

A China está em 2100 e pode dar importantes lições ao Brasil. Por Pedro Zambarda

Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos, com reportagem da China.

Entre os dias 19 de agosto e primeiro de setembro, eu estive em uma viagem até a China pelo site Diário do Centro do Mundo, o DCM. Na saída do Fórum de Comunicação de Cinturão e Rota, conhecido no ocidente como Nova Rota da Seda, conversei com um porta-voz do Partido Comunista Chinês que ficou intrigado com minhas perguntas sobre Tencent.

Perguntei a ele se conhecia a Brasil Game Show, a BGS, hoje considerada a segunda maior feira de jogos do mundo, que ocorre em São Paulo e que começou suas atividades no Rio de Janeiro.

“Só não é maior do que a ChinaJoy, que vocês têm em Xangai”, completei. A feira deles beira 400 mil visitantes, em estimativas recentes. A nossa eles não conheciam muito bem – e justamente buscam aproximações para entender o que o Brasil produz.

Mas essa não foi a única conversa sobre games que tive com porta-vozes do Ministério de Relações Exteriores do PCCh, com estudantes e com especialistas em tecnologia. Fiz visitas a empresas de automação, laser e montagem de telas apoiadas diretamente pelo Estado chinês.

O próprio presidente da China, Xi Jinping, visita essas empresas e faz investimentos pesados e estratégicos. Seus contratos incluem outras gigantes asiáticas, como Samsung e Sony, além dos americanos da Apple. As telas dos iPhones 12, 13, 14 e 15, inclusive em suas versões pro, tem boa parte da sua produção nas indústrias tecnológicas chinesas.

As empresas de redes sociais, como Kwai (que eu visitei e tem 20 mil funcionários, com um refeitório para seis mil e um clima a la Google) e TikTok, são prioritariamente privadas. Mas a divisão que nós ocidentais fazemos entre empresas estatais e a iniciativa privada não existe para os chineses.

Se o Estado precisa investir e regular, ele está presente. Todas as empresas de rádio e televisão na China são estatais.

Muitas informações que vi lá eles pediram para não registrar em fotos ou vídeos, evitando que informações estratégicas, sobretudo as industriais, vazem.

Numa visita à CGTN em Pequim, considerada como a CNN ou a BBC deles, há um laboratório de novas tecnologias qua estuda inteligência artificial, games, novas câmeras autônomas e aplicações de realidade virtual e aumentada. A SICC, conglomerado de comunicação de Chengdu, a cidade dos pandas, é voltado para a geração Z, redes sociais e games como Black Myth: Wukong.

O investimento da SICC em games é tamanho que eles colocaram streamers para divulgar Wukong pelo mundo.

Todas essas informações envolvendo tecnologia, games e inovação explodem quando se olham para cidades chinesas: Verdes, com carros elétricos, conectadas em redes sociais. Eles não estão em 2024, estão em 2100, estão 100 anos na nossa frente.

Tudo isso com controle do Estado e o desenvolvimento da iniciativa privada em conjunto, mas sem prejudicar os interesses do povo chinês.

O Brasil tem muito a aprender com isso – e eu tenho ainda muito a contar sobre essa viagem de apenas 10 dias.

Eu na CGTN. Foto: Cinthia Alves, do jornal GGN

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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