A pesquisadora Juliana Freitas entrou em contato comigo e reproduzimos abaixo o levantamento. Pesquisa inédita sobre representatividade nordestina aponta necessidade de se repensar ações digitais.
“Qual a percepção do Nordeste pelos próprios habitantes da região?” Para responder a essa pergunta, a pesquisadora potiguar Juliana Freitas desenvolveu um estudo inédito em parceria com a jornalista Thaís Ribeiro. “Meu Nordeste Todo” aponta caminhos para a criação de ações de publicidade e foi elaborado através da plataforma v-tracker, uma importante ferramenta de monitoramento de dados ou social listening.
Realizada nos dias dois e três de outubro com pessoas que declararam residir em um dos nove estados da região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe), a análise teve a participação de mais de 265 pessoas de todas as faixas etárias.
“Costumo dizer que o dado zero também é um dado. E na posição de profissional e pesquisadora de comunicação, eu procurei e não encontrei os dados do Nordeste sobre ele mesmo. Pode até existir muito conteúdo, mas raramente sobre o que ele pensa de si mesmo. O time v-tracker concordou em expandir a pesquisa por todo o Brasil e forneceu sua ferramenta v-ask para investigar, o que foi rico e proporcionou uma base para o lançamento do estudo”, declara Juliana Freitas.
O levantamento apresenta, além do perfil demográfico, percepções sobre a preservação e valorização da cultura nordestina, divulgação nos meios de comunicação, consumo de programação cultural e comentários negativos sobre a região.
“Por meio das informações coletadas, conseguimos comprovar que ‘A Invenção do Nordeste’ é real. Dentro da amostra de entrevistados, constatamos que nem tudo o que se fala sobre o Nordeste é verdadeiro e, como diz o historiador Durval Muniz de Albuquerque Jr., há uma construção de uma imagem da região que nem sempre corresponde à realidade. São anos de história e estereótipos. Contudo, o Nordeste atual é bem diferente. Enquanto o povo da região nordestina é frequentemente estereotipado como desaculturado, ignorante e carente de referências, ele, na verdade, consome e promove a cultura local. Cerca de 95% das pessoas participam de eventos culturais”, destaca a pesquisadora potiguar.
“Em outras palavras, há uma discrepância entre o que o Nordeste é e o que dizem sobre ele – pelo menos dentro de nossa amostra de 269 pessoas em 9 estados. O Brasil desconhece as diversas realidades existentes. E é crucial conhecê-las. E, acima de tudo, não se trata do Nordeste como um bloco homogêneo, mas sim do Nordeste composto por estados e dialetos diferentes, basicamente um mosaico. Que esta pesquisa possa abrir mentes, assim como abriu as nossas”, conclui a pesquisadora.
“Meu Nordeste Todo”: três spoilers com insights da pesquisa
– A pesquisa qualitativa aponta caminhos – mas vale expandir a conversa e criar novas pesquisas e estudos para públicos maiores, a fim de criar novas ações de publicidade ou produtos mais assertivos e estratégicos.
– É preciso repensar as ações no digital, negócios online e offline – especialmente a nível nacional. A maioria dos respondentes consome, conhece e tem orgulho de ser nordestino(a), porém não sente-se representado pelo restante do Brasil.
– Detalhe importante: a figura do Rei do Baião (Luiz Gonzaga) segue super presente na mídia hoje e é uma das figuras que representam a cultura nordestina aos respondentes. Ele faz parte das referências do Nordeste atual. Mas quem acha que a região tem a sua versão do passado, pode se enganar. Gonzaga aparece repaginado: tem uma produção contemporânea sobre o “Seu Lua” acontecendo (2023), que é o Gonzaga 110 anos, uma aula de cultura nordestina com tecnologia para o mundo conectado (recomendo que conheçam o Vladimir Barros de Souza, um dos criadores do projeto).
Sobre as autoras
Juliana Freitas
Natalense responsável pela pesquisa. Formada em Marketing, pós graduanda em Digital Business na USP/ESALQ.
Trabalha no mercado e na academia de comunicação desde 2008. No mercado, tem passagem pela Artplan, Grupo Abril Digital e Accenture, atuando como Team Lead em projetos de consumo e e-commerce no Brasil e América do Sul. Selecionada no Programas Editoriais do LinkedIn (Linkedin Creators Editorial Program Set/23). Em projetos, é idealizadora e criadora de conteúdo no Dataísmo – Histórias Guiadas por Dados, atualmente com mais de agora tem 25 mil visitas por mês, de acordo com o Similar Web (dados de outubro de 2023). Idealizadora da primeira comunidade de Consumer Insights e estudos do consumidor – 100% em português brasileiro, que em dois meses já possui mais de 400 membros e equipe com mais 3 mulheres moderadoras. Na academia e livros, já publicou o capítulo Brand awareness e monitoramento de redes sociais no livro do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD, 2017). Sobre cultura nordestina, escreveu “A presidência democrática em cordel: comunicações e representações” (2010) e “O sistema do cordel: a literatura da comunicação (2009)”, ambas monografias. https://dataismo.com.br/links
Thais Ribeiro
Paulista. Facilitadora da pesquisa. Jornalista e videomaker. Atualmente é Marketing na ferramenta de dados e pesquisas de mercado v-tracker e passagem também na ferramenta brasileira mLabs, além de experiência em redação na BKW. No seu portfólio, têm os estudos nas redes sociais sobre “A Pequena Sereia: live action”, “Racismo: Vini Jr.”, “Análise de Acidentes do Trabalho”.
O estudo completo pode ser acessado de forma gratuita através do link: https://dataismo.com.br/links
Conheça mais sobre o projeto Dataísmo
Dataísmo é um projeto de histórias guiadas por dados. Tendências de cultura, consumo e comunicação. Idealizado e escrito por Juliana Freitas. Tudo começou com um blog em 2012. Em 2023, o site tem média de mais de 25 mil visitas por mês (de acordo com dados de outubro/23 do Similar Web) e é um dos cinco maiores sites de consumo do Brasil atualmente.
Hoje em dia, o Dataísmo cresceu, e tem não apenas o site, mas também newsletter e página no Linkedin, expandindo o conteúdo em diversas plataformas digitais. Em 2023, começa o projeto “Dataísmo Vozes“, entrevistas feitas com profissionais, pesquisadores, influenciadores, professores e outros sobre dados, tendências, cultura e consumo.
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Este foi o quarto artigo que acabei de ser relacionado a esse tem e foi o que mais deixou claro para mim. Gostei.sorteio ao vivo