Cyberbullying. Foto: Reprodução/Getty Images/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Por Lia Sérgia Marcondes, de Portugal, para o Drops de Jogos.
Uso generalizado de IA por parte das crianças e adolescentes acarretou um novo conjunto de preocupações quanto ao uso nocivo das ferramentas.
O Brasil é o SEGUNDO país, no mundo, com o maior índice de vítimas de cyberbullying. De acordo com o Instituto Ipsos, 3 em cada 10 crianças e adolescentes brasileiros já sofreram essa forma de violência. Apenas em 2023, foram mais de 120 mil casos registrados. Especialistas do mundo todo já apontam que a popularização e os avanços das ferramentas de IA podem ser uma alavanca para o aumentos destes números, não apenas no Brasil.
Cyberbullying. Foto: Reprodução/Getty Images/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
Você já deve ter recebido vídeos engraçados de políticos ou celebridades falando coisas absurdas, dançando de forma engraçada ou com seus rostos montados em cenas de novelas e filmes. As famosas “deepfake”, criadas com IA. Mas assim como esse tipo de conteúdo pode ser criado para fins políticos ou de diversão, criminosos sexuais podem utilizar imagens do rosto de crianças e adolescentes e criar deepfakes com cenas de conteúdo adulto sexual. Sim, a (nada) boa e velha (mas atualizada): pornografia.
Recentemente, o FBI divulgou um alerta sobre o aumento de casos de “sextorção”*, intensificados pelo uso de IA. A facilidade de acesso a ferramentas que possibilitam a criação de deepfakes e a clonagem de voz, possibilitou aos criminosos e agressores sexuais novas formas de extorquir e ferir outras pessoas.
(* Sextorção é quando um agressor pressiona a vítima a realizar atos sexuais ou compartilhar fotos ou vídeos explícitos, ameaçando expor informações embaraçosas sobre elas.)
Acontece que isso não parte apenas de criminosos adultos. Crianças e adolescentes também estão a fazer isto. Alguns podem fazer isso por diversão ou por curiosidade, e outros porque realmente querem machucar algum colega. E se a motivação pode ser uma dúvida, os efeitos do ato são uma certeza: a vítima de um esquema de sextorção sofre um imenso desgaste emocional, muito difícil de “superar”. As consequências são muito mais graves do que se pode pensar, causando traumas severos até a perda de confiança. A longo prazo, as sequelas de ser vítima deste tipo de crime pode aumentar.
Como os governos podem atuar para combater essa onda?
BRASIL: Em junho do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que incluiu o bullying e o cyberbullying no rol dos crimes previstos no Código Penal brasileiro. A pena em caso de condenação por bullying é de multa, mas é agravada para dois a quatro anos de prisão, mais multa, em caso de cyberbullying.
REINO UNIDO: poderá ser o primeiro país a introduzir as novas infrações de abuso sexual de IA em seu código penal. Os atos de possuir, tirar, fazer, mostrar ou distribuir imagens explícitas de crianças já era categorizado como crime na Inglaterra e no País de Gales. Mas com as novas infrações, tornar-se ilegal o uso de ferramentas de inteligência artificial que criam imagens de abuso sexual infantil. Ou seja, ferramentas que podem “nudeificar” imagens reais de crianças.
A Reino Unido declarou no início deste mês que também tornaria a criação e o compartilhamento de “deepfakes” sexualmente explícitos – vídeos, fotos ou clipes de áudio feitos com IA para parecerem reais – um crime.
EUA: O País é “campeão” no ranking de crimes digitais contra crianças e adolescentes. Um projeto de lei foi apresentado pelo senador do estado da Califórnia, Steve Padilla, com a proposta de lembrar crianças que a IA não é uma pessoa. De acordo com o comunidado de imprensa divulgado, a intenção é proteger as crianças de “aspectos viciantes, isolantes e influentes” das ferramentas com inteligência artificial. O projeto de lei também tem por objetivo “exigir que uma plataforma de mídia social tome várias medidas para impedir o cyberbullying de menores”.
Uma das propostas da lei, obriga as empresas de IA a fornecer relatórios anuais ao Departamento Estadual de Serviços de Saúde com detalhes das interações das crianças com a plataforma. Além disso, a companhia teria que submeter o chatbot a auditorias regulares por terceiros para garantir a conformidade com a lei. O documento deverá apontar as seguintes informações:
PORTUGAL: Apesar de não figurar nem entre os 10 piores da lista, em Portugal, estima-se que 1 em cada 10 crianças sejam vítimas de cyberbullying. A Polícia de Segurança Pública portuguesa tem o Programa Escola Segura (PES), onde atua junto às escolas, a divulgar ações e atividades que promovam a cidadania e a segurança no ambiente escolar e fora dele.
Desde 2015, o programa inclui informações e ações sobre a segurança digital. Mas neste ano, o PES incluiu em seu trabalho a Inteligência Artificial (IA) como nova temática, que se junta a outros temas como a privacidade e segurança digital, notícias falsas, aliciamento online, conteúdos eróticos e perseguição, jogos e dependência online, cibercrime, plataformas de ensino, discurso de ódio e cyberbullying.
O que as famílias podem fazer nessa “guerra” ao cyberbullying?
A OSC mineira CeMAIS, lançou no final de janeiro, a cartilha “Cyberbullying não é legal: construindo um ambiente virtual seguro para crianças e adolescentes”, através de projeto financiado pelo Fundo Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, de Belo Horizonte.
A proposta da cartilha é orientar famílias, educadores e todos que lidam com crianças e adolescentes sobre como prevenir e lidar com situações de cyberbullying, com o objetivo de ajudar de identificar as situações e ajudar as vítimas. Link para baixar a cartilha:
10 FORMAS DE AJUDAR E PREVENIR
Cyberbullying. Foto: Reprodução/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos
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