Drops recebeu informações oficiais do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
O uso de inteligência artificial em equipamentos culturais brasileiros ainda é incipiente, com percentuais de adoção acima de 10% registrados somente em arquivos (20%) e cinemas (16%). Os dados inéditos são da TIC Cultura 2024, lançada nesta terça-feira (7) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Por outro lado, a pesquisa revela um cenário de avanço na digitalização do setor, com a quase universalização do acesso à Internet e o fortalecimento de capacidades técnicas.
Conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), área do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o levantamento, que tem abrangência nacional, entrevistou gestores de arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros.
“O estudo mostra que a adoção da IA ainda é restrita, mas reforça a maturidade crescente dos equipamentos culturais brasileiros na incorporação das tecnologias digitais, apoiada pela universalização da conectividade e pelo fortalecimento das capacidades técnicas. No caso específico da inteligência artificial, que teve o uso medido pela primeira vez na pesquisa, apesar dos benefícios que ela pode trazer, é fundamental observar sua aplicação com cautela, tendo em vista questões como a garantia da propriedade intelectual e de direitos autorais”, pontua Alexandre Barbosa, Gerente do Cetic.br.
O aprimoramento da infraestrutura digital identificado pelo levantamento se reflete também no uso de dispositivos de propriedade das organizações culturais, como tablets em arquivos (que passou de 14% em 2022 para 32% em 2024) e teatros (de 17% para 27%), notebooks em bens tombados (de 36% para 65%) e celulares em pontos de cultura (de 28% para 39%).
O estudo mostra que o acesso à Internet está universalizado entre arquivos e cinemas (100%) e é alto nos pontos de cultura (96%). Aponta ainda um crescimento significativo da conexão à rede entre os bens tombados, que saltou de 74% em 2022 para 92% em 2024.
“O setor tem percebido a conectividade e as tecnologias como essenciais para garantir a cidadania cultural, possibilitando maior alcance e capilaridade nos territórios. O uso da Internet já é praticamente universal nos equipamentos culturais brasileiros, com exceção de bibliotecas e museus, cuja utilização segue pouco abaixo dos 90%. Uma das principais barreiras apontadas é a falta de infraestrutura nas regiões”, explica Lúcia Bueno, Coordenadora da TIC Cultura.
A proporção de equipamentos que oferecem acesso gratuito via Wi-Fi ao público também aumentou na comparação com os indicadores de 2022, com destaque para as bibliotecas (de 54% para 65%), pontos de cultura (de 53% para 64%) e museus (de 40% para 51%). Já a oferta de computadores para o público se manteve estável, sendo mais presente em arquivos (55%) e bibliotecas (41%).
Formação de profissionais
A capacitação das equipes ainda é um ponto de atenção. Os resultados de 2024 indicam que a maior parte dos equipamentos culturais oferece treinamentos internos em comparação com cursos externos pagos. Os arquivos são os que mais investem em formação interna, tanto para informática (48%) quanto para privacidade e proteção de dados (51%). Já a oferta de cursos externos é mais limitada: apenas 24% dos arquivos pagaram por qualificação em informática para suas equipes, e 23%, para privacidade de dados.
A dificuldade em acessar cursos externos e a falta de pessoal qualificado fazem com que muitos equipamentos vejam a tecnologia, incluindo a IA, como um apoio para otimizar rotinas administrativas. Os dados mostram uma necessidade de investimentos em formação contínua para gestores e equipes, a fim de que possam explorar todo o potencial das ferramentas digitais. Nesse cenário, chamam atenção os museus, onde apenas 6% ofereceram cursos externos sobre informática e 7%, sobre privacidade e proteção de dados, e as bibliotecas, com números ainda menores, de 4% e 5%, respectivamente.
“A quinta edição da TIC Cultura evidencia um setor cultural mais resistente e conectado, um legado importante do esforço de adaptação à pandemia e do impacto de políticas de fomento como as leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo. Ao mesmo tempo, os dados sobre formação mostram que a capacitação de equipes é um gargalo importante para que a tecnologia seja, de fato, uma aliada. Nosso objetivo com apesquisa é, além de orientar gestores, fornecer dados para subsidiar a construção de políticas públicas na área, garantindo que a transformação digital do setor seja inclusiva, ética e que fortaleça a diversidade da produção cultural brasileira”, enfatiza Alexandre Barbosa, Gerente do Cetic.br.
Presença digital
A presença em plataformas como Instagram, TikTok ou Flickr cresceu, alcançando 87% dos pontos de cultura (ante 73% em 2022) e 78% dos bens tombados (ante 50% em 2022). O uso de aplicativos de mensagens como WhatsApp ou Telegram também aumentou, especialmente entre pontos de cultura (de 62% para 72%) e museus (de 24% para 37%).
As plataformas de streaming também entram na conta. Após pico durante a pandemia, o uso dessas ferramentas em teatros e cinemas recuou em 2024, retornando a patamares observados antes da crise de saúde pública. No caso dos teatros, a queda foi de 25% em 2022 para 16% em 2024; nos cinemas, a queda foi ainda maior, passando de 51% para 29% no mesmo período.
TIC Cultura 2024
Realizada desde 2016, a pesquisa TIC Cultura tem como objetivo compreender a presença e a adoção das tecnologias de informação e comunicação nos equipamentos culturais brasileiros, tanto em sua rotina interna de funcionamento quanto na relação com os seus públicos. Os indicadores ajudam a orientar políticas públicas culturais e de governo digital que contribuem com a democratização do acesso à cultura e reforçam a importância do setor no desenvolvimento econômico do país. Ajudam ainda o setor a compreender desafios e oportunidades relacionados à aplicação das TIC.
Nesta 5ª edição, foram realizadas, entre outubro de 2024 e abril de 2025, 1.818 entrevistas com gestores de arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros de todas as regiões do país.
Feita por amostragem estratificada, a TIC Cultura conta com o apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e de especialistas vinculados ao Ministério da Cultura do Brasil (MinC), a organizações da sociedade civil e a universidades. A lista completa de indicadores pode ser conferida em https://www.cetic.br/pt/pesquisa/cultura/indicadores/.
Sobre o Cetic.br
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre o acesso e o uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no País. O Cetic.br|NIC.br é, também, um Centro Regional de Estudos sob os auspícios da UNESCO, e completa 20 anos de atuação em 2025. Mais informações em https://cetic.br/.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provêm de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte: Registro.br (https://registro.br), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.
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