Conheça a história da Activision: De devs insatisfeitos até uma corporação controversa

Activision mudou muito

Imagem de Bobby Kotick e de sua empresa

Conheça a história da Activision: De devs insatisfeitos até uma corporação controversa. Foto: Divulgação

No ano de 1977, a Atari lançou o Atari VCS, também conhecido como Atari 2600. O aparelho tornou-se sonho de consumo das crianças americanas, superou o crash dos fliperamas dos anos 80 e contribuiu para a criação de uma das suas maiores concorrentes: A Activision.

Nolan Bushnell, o idealizador da empresa, vendeu ela para a Warner Communications. Ele se arrependeu da decisão e foi travado por outro executivo chamado Ray Kassar, da indústria têxtil.

Mesmo com a crise corporativa, o aparelho 2600 e seus jogos eram sucessos de vendas. Quem não recebia nas vendas eram os programadores dos games.

A política da Atari na época era de não dar crédito aos criadores dos jogos, e eles eram pagos por valores fixos, sem royalties ou bônus. Warren Robinett, um dos programadores na época, relatou essas dificuldades. O próprio Robinett criou o que é considerado o primeiro “easter egg” do mundo ao colocar seu nome em uma sala especial de seu clássico jogo Adventure. Ele fez isso como uma forma de protesto, e um jeito de conseguir ser reconhecido dentro de seu próprio trabalho.

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Outro programador, chamado Allan Miller, considerava o que fazia como arte e queria ser reconhecido. Essa visão foi dividida com seus amigos mais próximos no trabalho: Bob Whitehead, Larry Kaplan e David Crane.

Os quatro eram responsáveis pelos jogos mais vendidos do Atari 2600. Em troca, eles não recebiam nada além de seu salário-base.

Foi assim que o famoso “Quarteto Fantástico” procurou renegociar seus contratos, se inspirando principalmente em acordos entre músicos e gravadoras, ou escritores com editoras. Isso fracassou.

Por isso, os quatro deixaram oficialmente a Atari. Após uma procura por ajuda na Justiça, eles se uniram a Jim Levy, um executivo da indústria da música e que via potencial na ideia de vender desenvolvedores de jogos como personalidades. Foi assim que a Activision nasceu, como uma dissidência, e revelou novos talentos.

Carol Shaw, uma das mulheres pioneiras da indústria e também veterana da Atari, criou River Raid, um dos games de maior sucesso da época, em 1982.

Activision conseguiu sobreviver ao impacto imediato do ‘Grande Crash’ da indústria de jogos de 1983. No entanto, aquela estrutura construída por desenvolvedores deu espaço para uma corporação com tradições mais predatórias.

No ano de 1991, Robert A. Kotick e um grupo de sócios adquiriu a Mediagenic, empresa dona das marcas Activision e Infocom, por menos de US$ 500 mil. Nas décadas seguintes, o empresário transformaria esta companhia endividada em uma das maiores forças da indústria de games, especialmente com o sucesso de Call of Duty e a fusão com a Vivendi Games para formar a Activision Blizzard.

Jogos e franquias clássicas como Crash Bandicoot, Spyro the Dragon (e mais tarde Skylanders), Tony Hawk’s Pro Skater, Guitar Hero e o próprio Call of Duty foram desenvolvidos e distribuídos pela companhia. Deu muito dinheiro e sucesso, mas a empresa se destruiu internamente.

Depois da abertura de um processo por parte do governo do Estado da Califórnia, em 2021, que alega uma cultura de assédio sexual, abuso e discriminação no ambiente de trabalho, a Activision não se mexeu. Por isso, funcionários da empresa fizeram greve na frente dos escritórios da Blizzard Entertainment em 28 de julho daquele ano. E a empresa nunca mais foi vista da mesma forma.

Com informações da reportagem de Victor Ferreira no site The Enemy.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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