Foi realizado na última terça-feira (11) o Conselho Técnico da CBF, uma reunião anual onde se discutem possíveis mudanças para as regras do Brasileirão e do futebol brasileiro como um todo. E foi ali que surgiram duas propostas que poderão mudar bastante o panorama do futebol nacional: a da diminuição de atletas estrangeiros que podem ir pra jogo, e a quantidade de times que serão rebaixados em cada uma das divisões nacionais.
A proposta levantada na reunião sugere que o número de estrangeiros que podem ser relacionados para uma partida diminua de nove para seis. Quanto ao rebaixamento, a ideia é diminuir o número de times rebaixados a cada edição do Brasileirão de quatro para três.
Quem ficará a cargo de investigar o quanto essas mudanças irão impactar times e atletas é um empoderado Conselho Nacional de Clubes (CNC). Não mais uma comissão apenas consultiva, ele agora é o responsável por levantar todos os prós e contras dessas mudanças e apresentar o caso para a CBF.
Independente do resultado desse estudo, uma coisa já está certa: se alguma dessas mudanças for aprovada, ela só irá ocorrer a partir de 2027.
O caso dos estrangeiros
Nos últimos anos, o número de estrangeiros que são permitidos em uma partida foi aumentando gradualmente. Até 2022, apenas cinco estrangeiros podiam ser relacionados por cada time. Em 2022, esse limite aumentou para sete e, em 2024, aumentou-se novamente para nove. Então o que explica a mudança de rumo desse projeto para a diminuição deste número?
Um dos possíveis motivos foi apontado recentemente em entrevista por Dorival Jr., atual treinador da Seleção Brasileira. Ele defendeu a redução de estrangeiros como uma medida “protecionista” do produto nacional, pois aumentaria as chances de aproveitamento dos jovens revelados na base dos clubes.
E apesar de muita gente torcer o nariz pra esse tipo de medida, nós temos exemplos de que ela dá certo. Um dos principais está na Premier League: na década de 1990, era normal ver times entrando em campo sem um único jogador inglês entre os titulares. Com a aplicação de regras mais rígidas para o uso de estrangeiros, os clubes foram obrigados a dar mais chance aos jogadores da base e diminuir o número de estrangeiros relacionados. Isso não diminuiu em nada a força da Liga, mas ajudou muito no desenvolvimento de novas gerações de craques que tornaram a Seleção Inglesa muito mais forte e competitiva.
Atualmente, existem 130 atletas estrangeiros inscritos apenas nos 20 clubes que fazem parte da Séria A do Brasileirão. Por isso, há a possibilidade de a diminuição de nove para seis atletas não acontecer de forma direta, mas ser gradativa, diminuindo um pouco a cada ano até chegar no número desejado.
Vale lembrar que essa mudança é relativa apenas a quantidade de atletas estrangeiros relacionados para cada partida, e os clubes continuarão livres para ter quantos estrangeiros desejar no elenco.
Por que a CBF quer diminuir o número de rebaixados?
A mudança mais polêmica está no número de rebaixados. Isto porque já são quase duas décadas que o Brasileirão funciona no formato atual: 20 clubes, sendo que os quatro últimos da Série A caem para a B, e os quatro primeiros da Série B sobem para a Série A.
O pedido para diminuição dos clubes rebaixados não é novo, e um dos argumentos mais repetidos é a desproporcionalidade de você ter 20% dos clubes participantes rebaixados. Outro argumento citado é a dificuldade do calendário, que faz com que muitas vezes clubes que têm um elenco mais “enxuto” tenham que escolher priorizar uma competição sobre outra. Nos últimos anos vimos vários exemplos do tipo envolvendo times como Atlético-MG, Fluminense e Fortaleza, que estavam disputando títulos continentais e lutando contra o rebaixamento no Brasileirão.
Essa mudança também é a mais polêmica porque impacta todas as divisões dos campeonatos nacionais. Então não apenas menos times cairiam para uma divisão abaixo, mas também existiriam menos vagas para os times subir de divisão. Por isso, espera-se que essa mudança seja uma das mais discutidas nas reuniões do CNC.
Com representantes de clubes das Séries A e B do Brasileirão e encabeçado por Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, o CNC irá se reunir mensalmente para debater o impacto dessas mudanças e decidir se elas trarão mais benefícios ou mais problemas aos clubes brasileiros.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.