Eu não aguento mais os bebês reborn. Por Pedro Zambarda - Drops de Jogos

Eu não aguento mais os bebês reborn. Por Pedro Zambarda

Um viral que pode ser muito bem abandonado

Por Pedro Zambarda, editor-chefe.

A primeira vez que escutei sobre bebê reborn foi no podcast Picolé de Limão do Não Inviabilize. Sim, eu escuto. E sim, o fenômeno não é de agora. A primeira vez que vi um bebê reborn foi antes do podcast. E certamente não era um modelo de 10 mil reais. Pela quantidade de defeitos, era uma boneca mais barata.

Há aproximadamente um mês, a internet foi tomada pela trend dos bebês reborn. Em parte, as tendências ganharam virais de influenciadores pregando pegadinhas em troca de cliques. Em parte, o assunto viralizou porque o jornalismo de cotidiano e o carente pelos cliques resolveu cobrir mulheres que se dizem mães dessas bonecas e pessoas com problemas psicológicos que recorrem a essas mesmas bonecas.

No entanto, o fenômeno agora já ganha vídeo pró feminismo da jornalista Ana Paula Padrão (que é bom e dá um pau nos Legendários) e vira propaganda conservadora e de extrema direita na mão de Pablo Marçal e de deputadas nível esgoto como Rosângela Moro. Passa a ser um fenômeno de cliques porque… é um fenômeno de cliques.

Eu não aguento mais os bebês reborn. Podemos ir, já, para o próximo viral. Esse esgotou.

Bebês reborn são o retrato de uma sociedade esvaziada, corroída pelas pessoas submetidas a falta de leitura, de consumo de cultura e de conhecimentos filosóficos e sociológicos para ter estofo e encarar suas dores particulares. Conseguimos escrever um livro com inteligência artificial – ainda sem qualidade – e não conseguimos ler o mínimo e nem instigar leitura. Criamos muitos recursos de IA e tiramos emprego de trabalhadores que poderiam melhorar a sociedade em nome da ganância.

O bebê reborn representa esse lixo e ao mesmo tempo representa muito pouco. Talvez seja a hora de não buscar uma representação desse tempo e começar e estruturar um jeito de superá-lo.

Eu não aguento mais os bebês reborn. Podemos ir, já, para o próximo viral.

E, quem sabe, produzir algo além de viralizações.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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