Rede de TV americana ABC suspendeu por tempo indeterminado o programa de talk show do apresentador Jimmy Kimmel nesta quarta, 17, após Kimmel ter sido criticado por republicanos por relacionar o suspeito de matar o influenciador trumpista Charlie Kirk ao movimento MAGA.
“O programa ‘Jimmy Kimmel Live’ será suspenso por tempo indeterminado”, disse a ABC por meio de um porta-voz. Presidente Donald Trump comemorou a iniciativa da ABC na rede social Truth Social, escrevendo: “Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que precisava ser feito”.
Trump também criticou outros dois apresentadores de programas noturnos, Jimmy Fallon e Seth Meyers, e disse que eles também deveriam ser cancelados, chamando-os de “dois perdedores completos”.
O vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, também reagiu a noícia. Ele publicou no X, nesta quarta-feira: “Bem-vindos à Cultura da Consequência. Americanos normais e sensatos não estão mais aceitando b* e empresas como a ABC estão finalmente dispostas a fazer a coisa certa e razoável.”
Kimmel, assim como Stephen Colbert, apresentador do programa noturno da CBS, tem criticado constantemente Trump e muitas de suas políticas em seus programas.
CBS anunciouque cancelaria o programa de Colbert no final desta temporada por motivos financeiros, embora alguns críticos questionem se sua postura em relação a Trump teve algum impacto.
A Nextar, empresa dona de afiliadas da ABC em todos os Estados Unidos, também comentou a suspensão.
“Os comentários do Sr. Kimmel sobre a morte do Sr. Kirk são ofensivos e insensíveis em um momento crítico do nosso discurso político nacional, e não acreditamos que eles reflitam o espectro de opiniões, pontos de vista ou valores das comunidades locais em que estamos localizados”, disse Andrew Alford, presidente da divisão de radiodifusão da Nexstar.
A Nexstar está entre as maiores operadoras de emissoras de TV dos Estados Unidos. Seu diretor executivo, Perry Sook, fechou uma série de acordos audaciosos ao longo das décadas para consolidar uma rede abrangente que se estende por todo o país.
O programa de talk show é um dos principais dos EUA e Kimmel tem sido um crítico contumaz do presidente Donald Trump.
“Atingimos um novo fundo do poço baixos no fim de semana, com a turma do MAGA [Make America Great Again] tentando desesperadamente caracterizar esse garoto que assassinou Charlie Kirk como qualquer coisa menos um dos seus e fazendo tudo o que podem para lucrar politicamente com isso”, disse o comediante no programa de segunda-feira.
O apresentador também zombou da resposta pública de Trump ao ataque fatal. Quando questionado por um repórter sobre como estava “se sentindo”, Trump respondeu: “Acho que muito bem”, antes de falar sobre a construção do salão de baile da Casa Branca.
Brendan Carr, presidente da Comissão Federal de Comunicações, criticou duramente os comentários de Kimmel em um podcast.
No fim de agosto, Trump ameaçou revogar as licenças da rede de TV ABC e também da NBC ao reclamar da cobertura das redes sobre seu mandato. O presidente disse na ocasião, sem apresentar provas, que elas seriam um “braço político do partido democrata”.
O programa Jimmy Kimmel Live está no ar desde 2003. A suspensão deve abrir discussões sobre a liberdade de expressão nos EUA, garantida pela primeira emenda da Constituição americana.
Nos últimos dias, diversas lideranças republicanas têm estimulado partidários de Trump a expor publicamente críticos de Charlie Kirk que teriam celebrado sua morte e pressionando seus empregadores a demiti-los.

Com informações da AP, do New York Times e do Estado de S.Paulo.
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