O professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande e doutor em Ciências Criminais, Salah Hassan Khaled Júnior, afirmou que as declarações do ministro da justiça José Eduardo Cardozo, relacionando games com a criminalidade brasileira, maculam a linguagem dos games, seus desenvolvedores e apreciadores. Para Khaled, a fala de Cardozo, sugerindo que a "apologia à violência" presente em esportes e videogames resulta na escalada da criminalidade no Brasil, é uma declaração que provoca a estigmatização de produtos culturais, criadores e consumidores ligados à linguagem. O ministra da justiça estava em visita à sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, na última quinta-feira (14), quando teceu as infundadas considerações.
“Os games foram satanizados como bodes expiatórios de várias tragédias por empreendedores morais disfarçados de repórteres", afirmou o professor. "São pessoas que não conseguem lidar com a diferença: desprezam tudo que não se encaixa em sua visão de mundo e, logo, é interpretado como ameaça para a sociedade”.
Khaled acredita que a suposta conexão entre games e violência não passa de um discurso produzido pela imprensa sensacionalista, recepcionado por políticos e grupos de pressão e que acaba ‘certificado como verdadeiro’ por alguns pesquisadores. O resultado, informou, "conduz à criminalização cultural dos games, criadores e jogadores. Trata-se de um complexo processo de difusão de pânico moral por reacionários culturais”. O cientista criminal ressaltou ainda que a disseminação do pânico moral em relação aos games é interessante para a classe política, pois apela para um eleitorado que não compreende a subcultura gamer e acaba seduzido por um falso discurso moralista. "As questões são tratadas com leviandade, sem que os inúmeros problemas que as envolvem sejam suficientemente debatidos, o que inevitavelmente acaba produzindo cadáveres”, avaliou.
Autor do livro "Videogame e violência: causa e efeito ou pânico moral?", em vias de publicação, e jogador confesso há mais de 30 anos, o professor condena o que chama de 'disseminação do pânico moral' e propõe debate e reflexão sobre o tema a fim de evitar a satanização dessa cultura digital.
A dica da notícia veio através de André Luiz Silva Negrão, desenvolvedor de jogos, pesquisador na área de jogos educativos e colaborador do Drops de Jogos, que concorda com a visão de Khaled. "Até que pesquisas sérias comprovem que games alimentam a criminalidade, qualquer decisão sobre o assunto será baseada em achismo", ponderou. "[As pesquisas], ao contrário, reforçam que o ambiente de violência fictícia ajuda o individuo a lidar com a violência real à sua volta"
Acompanhe Drops de Jogos no Facebook e no Twitter.
Via Bahia Notícias
Ele está fazendo o drama ‘Queer’
Ampliando
Melhorias em inteligência artificial, diz a PlayStation
E eles tiveram grana para isso, depois de demitir centenas