O Brasil tem hoje inúmeros cursos universitários e de formação complementar voltados ao mercado de jogos. No entanto, não é raro ouvir que os alunos formados saem para o mercado sem o devido preparo para as necessidades da indústria no país. Com o objetivo de avaliar este cenário e buscar alternativas para o aperfeiçoamento do ensino técnico de games nos centros de formação educacional do país, um grupo de pesquisadores lançou o Fórum Internacional Acadêmico de Jogos Digitais, que acontecerá em São Paulo no próximo dia 19 de setembro.
Um dos gargalos desse processo encontra-se na complexidade da criação de projetos de games e na amplitude de conhecimentos diretos e transversais exigidos para tornar-se um profissional bem preparado para esse mercado. "Sabemos que jogos são softwares extremamente complexos e que dependem de um conhecimento muito profundo e interdisciplinar", comentou. Para ele, há de fato um grande 'gap' entre o que a indústria de jogos espera dos profissionais e qual a formação efetiva e nível de conhecimento que vem sendo oferecido aos interessados nessa área. "Precisamos, como docentes, acadêmicos e pesquisadores tocar nestes assuntos no que diz respeito à formação do profissional de Produção de Jogos e pensar alternativas", analisou.
Para Massetto, existe ainda grande dificuldade no próprio ambiente escolar e acadêmico em entender os processos capazes de despertar o entendimento deste campo de conhecimento e, não raro, até mesmo na educação escolar formal, há grande confusão sobre a melhor forma de aplicar jogos como ferramentas complementares para a educação. "Muitas escolas adotam estratégias de utilizar jogos em sala de aula como recursos pedagógicos, o que é excelente, se bem acompanhados de um projeto didático. Por outro lado, há também escolas que fazem uso de jogos apenas como diversão e não colocam objetivos pedagógicos, o que acaba gerando uma má impressão para quem está de fora", esclareceu, reforçando a necessidade de melhor preparo aos docentes. "Precisamos de uma sinergia maior entre a pedagogia e a tecnologia, pois há muitos pedagogos resistentes a isso e muitos técnicos que utilizam este recurso sem o devido objetivo pedagógico", defendeu.
Parte desse problema reside, acredita, na dificuldade em adotar dinâmicas de jogos apropriadas, considerando que os próprios jogos oferecidos em sala de aula muitas vezes não cumprem o papel didático desejado e, pior, não divertem. "Muitos jogos educativos são produzidos por pessoas que não jogam! Aí, tornam-se chatos, massantes, desestimulantes e os alunos acabam jogando por obrigação e não por que querem", identificou.
Mas o professor afirma que existem, sim, jogos educativos bem elaborados e divertidos e outros que, embora não necessariamente concebidos como educativos, auxiliam no aprendizado de lógica, história, geografia e geopolítica, entre outros temas. "Jogando Assassins Creed, por exemplo, você terá uma noção muito mais próxima de como era a Itália no periodo da Renascença", enfatizou.
O fórum acadêmico deverá, por meio dos debates entre os participantes, levantar e esclarecer estes temas. O resultado dos debates será levado ao público, buscando amplificar a discussão dentro e fora do meio acadêmico. "No final do evento, será realizado um balanço sobre todos os tópicos discutidos entre os debatedores. Todas estas conclusões e discussões serão compartilhadas. Nosso objetivo é buscar captar o máximo de informação possível para deixar as discussões disponíveis tanto para os que participaram, quanto àqueles que não puderem participar".
A programação completa pode ser conferida no site do evento.
1º Fórum Internacional Acadêmico de Jogos Digitais
Data: 19 de setembro de 2015
Local: Senai Francisco Matarazzo
Endereço: Rua Correia de Andrade,232 – Brás – São Paulo – SP
Inscrições: www.forumacademicodejogos.com.br
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