Veerender Jubbal, seguidor da religião monoteísta Sique, originária do Oriente Médio, e morador no Canadá, despertou no último sábado vendo-se envolvido no ataque terrorista ocorrido em Paris. Um selfie tirado em junho e postado no Twitter foi transformado em montagem fotográfica na qual ele aparece como homem-bomba. Jubbal viu sua foto republicada por toda a rede e até mesmo em sites de veículos jornalísticos. A razão disso, acredita, foi seu apoio à diversidade, contra o GamerGate, em 2014.
Um artigo no Masable mostra que a foto original do jovem teve o iPad convertido em uma cópia do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, e, sobre sua camisa, uma montagem digital inseriu um colete com bombas. "As pessoas estão editando e 'photoshopando' meus selfies, como se eu fosse uma das pessoas que causaram problemas em Paris", escreveu o rapaz em sua conta no Twitter, ao se deparar com a disseminação da montagem.
O caso ganhou repercussão inicialmente através do BuzzFeed, com a montagem creditada em perfis falsos muçulmanos que reivindicavam a autoria dos ataques. A questão é que a religião sique não tem nada a ver historicamente com o Estado Islâmico e é bem provável que quem fez isso queria atingir diretamente Jubbal, incluindo a adição de um dildo no fundo da fotografia. A tomada do banheiro foi preservada na modificação.
O problema ganhou contornos mais críticos quando, no dia seguinte, o periódico espanhol La Razon estampou a imagem na capa da edição de domingo, afirmando tratar-se de um dos terroristas. A emissora de tv italiana Sky TG 24, ainda de acordo com a nota do site de notícias, também chegou a tuitar notícia, afirmando que o Estado Islâmico (ISIS) teria enviado foto de um dos possíveis 'kamikazes' do atentado na França.
A origem dos problemas vividos hoje pelo sique podem estar, como informou, em sua postura crítica contra o controverso episódio conhecido como GamerGate, verdadeira febre que varreu a internet com acusações e ameaças contra as mulheres envolvidas no mercado de games. O caso esteve ligado especialmente com a jornalista Anita Sarkeesian, dona do canal Feminist Frequency, e com a desenvolvedora indie Zoe Quinn.
Veerender Jubbal é um escritor freelance, que declara trabalhar com crítica de jogos e atua como consultor para assuntos ligados a diversidade. Na ocasião da contenda misógena, Jubbal foi um dos iniciadores da hashtag #StopGamerGate2014, tendo sido alvo de ataques pessoais por sua postura favorável à diversidade no meio gamer. Já à época, uma imagem associando-o aos atentados de 11 de setembro circularam na rede.
"Os jogadores são lixo absoluto, como venho dizendo ao longo do último ano. As pessoas não vão parar de me assediar e me incomodar", declarou, consciente do comportamento tóxico de grande parte da comunidade de jogadores mundo afora.