Cultura

Hentai no Pornhub: homem tem mais tesão em desenho pra “bater uma”

Em 2018, pela primeira vez as pesquisas mundiais por “lésbicas” cederam o 1º lugar do ranking anual do Pornhub para o termo “hentai”. Desde então, este cenário não mudou. Na verdade, o interesse por vídeos eróticos de desenhos japoneses só cresce. Prova disso é a retrospectiva de 2024, ano em que “hentai” não apenas permaneceu no topo das buscas globais pelo 4º ano consecutivo, como ainda atingiu o primeiro lugar do ranking dos Estados Unidos — país que se mantinha fiel à preferência por “lésbicas” até 2023.

Ou seja: em todo o mundo, as pessoas hoje preferem “aliviar a tensão” com vídeos pornográficos encenados por desenhos, em vez de pessoas de verdade protagonizando as mesmas cenas. Condizente com esta tendência, o relatório Pornhub Year in Review 2024 revela também um aumento no interesse por conteúdos “picantes” envolvendo personagens de videogames e animações 3D em geral.

Em 2024, no top 3 dos termos mais buscados no Pornhub temos “hentai”, “MILF” (sigla para “Mother I’d Like to Fuck”, ou “mãe que eu gostaria de…”, digamos, “pegar”) e “pinay” (mulheres filipinas ou descendentes de filipinos).

“Os espectadores adoram uma mulher madura, sexy e empoderada que não tem medo de conseguir o que quer, e os dados provam isso. O termo “MILF” está consistentemente classificado no top 3, frequentemente competindo com “lésbica” e “hentai” pelo primeiro lugar”, constata o Pornhub no relatório.

O restante do ranking você confere abaixo:

(Créditos: Reprodução/Pornhub)

Já ao analisar as categorias mais visitadas — independentemente de essas visitas estarem ou não ligadas a termos pesquisados —, o top 3 fica com “MILF”, “anal” e “japonesas”. Segundo a plataforma, “as categorias mais populares não costumam mudar muito”, com estas mesmas basicamente fazendo um troca-troca de posições ano a ano — com perdão pela piadinha infame, mas foi impossível resistir.

O ranking completo então ficou assim:

(Créditos: Reprodução/Pornhub)

Vale observar que a categoria “amadores verificados” subiu 10 posições em 2024. Nesta categoria, entram aqueles vídeos caseiros que outrora podiam ser fruto de gravações não autorizadas e até mesmo revenge porn, mas agora precisam ser validados para estarem ali. Podemos deduzir então que as pessoas estão realmente mais conscientes na hora de tocar umazinha, com a consciência livre de culpa de que ao menos aquela “relaxada” não foi dada às custas de nenhuma vítima? Queremos acreditar que sim.

Já entre as categorias que, apesar da alta popularidade, caíram um bom tanto no ranking, vemos “gangbang” (modalidade de sexo grupal bastante.. frenética, por assim dizer) e “bondage” (prática do sadomasoquismo em que se restringe fisicamente a outra pessoa). Seria este um sinal de que, hoje em dia, o povo não vê mais tanta graça naquela “pegada violenta” que reinava antes? Estariam os clichês da indústria pornográfica mainstream fadados às páginas da história, dando lugar a dinâmicas mais suaves, porém não menos intrigantes, como sexo entre cosplayers ou uma transadinha em algum cenário de realidade virtual?

É exatamente o que indica este outro gráfico, que recorta as categorias de maior interesse entre as diferentes gerações de usuários do Pornhub em 2024 — Z, Y, X e Boomers.

(Créditos: Reprodução/Pornhub)

Vemos na imagem acima que, enquanto entre os mais jovens (18 a 24 anos) aquele pornozão oldschool sequer entra na disputa, entre os mais velhos (55+) as categorias do coração seguem as mesmas de sempre, que veríamos nas prateleiras de qualquer locadora de vídeos dos anos 90 — digo, naquela salinha dos fundos, proibida para menores. Ouvi dizer que era assim…

Elas x Eles: experiências diferentes, com algo em comum

Os insights de 2024 do Pornhub também trazem um recorte de preferências por gênero, mas considera apenas homens e mulheres em um sistema binário, não estendendo o recorte mais a fundo e revelando os interesses de outros gêneros do espectro.

(Fica aqui a sugestão, Pornhub, de em 2025 deixar a binariedade no passado e se atualizar para o presente no que diz respeito a identidades de gênero nesta seção do relatório)

Enfim, engessando o pensamento como se estivéssemos nos tempos de nossos avós, o recorte de gênero ali nos permite tirar conclusões interessantes sobre o que eles e elas preferiram neste ano na hora de curtir um pornozinho de leve — ou nem tão leve assim.

(Créditos: Reprodução/Pornhub)

A partir dos dados revelados na imagem acima, podemos tirar um monte de conclusões. Mas esta matéria já ficou extensa demais (sendo que ainda vou elaborar análises paralelas, com outros recortes curiosos — spoiler!), então vou listar abaixo os tópicos que considerei mais relevantes (ou só intrigantes mesmo) quanto a isso:

  • Todo mundo tem fetiche com japonesas antes de qualquer outra coisa? Parece que sim!
  • Já faz um tempo que homem pira com MILFs e mulheres mais maduras em geral. Mas em 2024 as mulheres olharam para esses “mulherão da p*rra” com mais carinho, né?
  • Ou a maioria das mulheres que acessa o Pornhub é lésbica, ou está só dando uma olhadinha. Bom saber…
  • Quem disse que fetiche com sexo anal é coisa de macho e de brasileiro? No ranking mundial, homens e mulheres deram uma espiadinha nessa categoria na mesma intensidade. Sim, “anal” está em quarto lugar para ambos os grupos. CUrioso, muito CUrioso!
  • “Ebony” é um termo controverso, e esta categoria reúne vídeos de negros e negras no rala e rola. Bom, que homens fetichizam pessoas de pele negra não é novidade, e também não espanta ver que as categorias “trans”, “lésbicas” e “threesome” (sexo a três) estão ali coladinhas umas à outras, quase que num empate técnico.
  • Hentai surge primeiro no gráfico feminino, aparecendo no masculino logo em seguida. Mulheres curtem desenho pornográfico japonês, também. Só que, dando uma opinião enquanto mulher aqui, arrisco dizer que muitas de nós talvez consigam se excitar mais com cenas eróticas 100% animadas do que com gravações envolvendo mulheres de verdade, já que o pensamento de “e se ela está sendo abusada nesta cena e eu não sei?” pode ser extremamente brochante. Faz sentido, não?
  • Já homens curtindo hentai, o que tenho a ver? Na verdade, não consigo afastar a hipótese mental de que, cansados de não saber lidar com corpos reais já que foram profundamente influenciados pela pornografia tradicional, levaram isso a outro patamar e passaram a idealizar algo ainda mais irreal, como desenhos animados. Ou então eles só curtem muito porque no hentai tudo pode acontecer sem impedimentos, sem preocupações com verossimilhanças e sem culpa — ô feminista implicante. Bom, das duas, uma. Ou talvez tudo isso e mais um pouco?
  • Homens ainda gostam dum peitão, enquanto mulheres não ligam muito pra isso, já que o que parece mesmo falar mais alto ali é o tamanho da p*roca. Tamanho ainda é documento? Entre quatro paredes isso pode não ter muita importância, mas pelo visto na telinha do computador, ou do celular, quanto maior, melhor.

O relatório completo está na página do Pornhub Year in Review 2024.

Patricia Gnipper

Coordenadora editorial do Drops de Jogos.

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