Cultura

Instituto Alana, voltado ao direito das crianças, comemora aprovação do Marco Legal dos Games

Drops de Jogos recebeu informações oficiais da entidade. Marco Legal dos Games é sancionado com atenção aos direitos da criança e do adolescente; Instituto Alana comemora aprovação.

O Marco Legal dos Games foi sancionado pelo governo federal, que regulamenta a fabricação, importação, comercialização, o desenvolvimento de jogos eletrônicos e seu uso comercial no Brasil. Entre as novas regras, um dos destaques é o capítulo dedicado à proteção dos direitos de crianças e adolescentes, que exige a responsabilidade dos desenvolvedores e fornecedores em se comprometerem ativamente para garantir os direitos dessa audiência, e coibir os riscos de seus sistemas.

De acordo com o texto, os desenvolvedores devem disponibilizar canais de reclamação e denúncias de abusos para assegurar direitos desse público. Ferramentas de compra online também devem garantir o consentimento dos responsáveis pelos usuários dos jogos. A versão sancionada pelo governo contou com a realização de uma sessão de debates temáticos e uma audiência pública, em setembro e dezembro de 2023, das quais o Instituto Alana contribuiu com as discussões a partir do olhar de garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

“Este é um momento de comemoração. Trata-se do primeiro passo para consolidarmos no Brasil a responsabilidade dos criadores de jogos digitais em relação aos melhores interesses das crianças e dos adolescentes dentro desse ecossistema. Percebendo os riscos e oportunidades dessas tecnologias digitais, é prioritário que desenvolvedores e fornecedores se comprometam com a saúde e segurança desse público no ambiente digital. O Marco Legal também incentiva a criação de uma indústria brasileira de games mais robusta, transparente e com maior espaço para o acompanhamento parental”, comenta Emanuella Halfeld, Analista de Relações Governamentais do Alana.

Ela também destaca alguns trechos do documento, como por exemplo, o fato de que, a partir do Marco Legal, os desenvolvedores de jogos eletrônicos devem estabelecer ambientes nos quais não haja formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão contra essa população mais vulnerável; também fica definido que desenvolvedores devem implementar medidas técnicas que garantam o desenho universal e a acessibilidade do serviço a todas elas, incluindo aquelas com deficiências.

Avanços e obstáculos | “Um dos grandes avanços do texto é garantir maior responsabilidade sobre sistemas de denúncias em jogos com interação, garantindo que os usuários saibam os resultados das denúncias que realizam e obrigando um compromisso de apuração diligente. Sabemos que em muitos jogos há situações de violência e discursos de ódio e, em entrevistas com adolescentes, percebemos que essa sempre foi uma grande demanda sobre esses ambientes”, diz Halfeld.

O Marco Regulatório dos Games também abre possibilidade para que jogos eletrônicos sejam implantados dentro da Política Nacional de Educação Digital. Para a representante do Instituto Alana, esse é outro ponto no qual a legislação deve considerar a necessidade de uma avaliação cuidadosa dos riscos e oportunidades envolvidos nessa inclusão dos games no ambiente escolar.

“Esse aspecto não é reforçado no texto e carece de maior discussão. Mais do que isso, os parâmetros para a introdução de games na rotina educacional devem estar acompanhados de discussões que promovam um pensamento crítico em relação à tecnologia. E sempre com atenção à possíveis publicidades direcionadas às crianças e os riscos de recursos que podem criar um comportamento compulsivo, como as loot boxes, o direcionamento abusivo de publicidade para incentivar microtransações e elementos do design feitos para manter a pessoa cada vez mais tempo online. Esse uso educacional tem que ser comprovadamente benéfico para o estágio de desenvolvimento da criança e do adolescente”.

Vale mencionar que as loot boxes são compras que permitem a abertura de baús ou caixas misteriosas, cujo conteúdo só é conhecido após a transação comercial. Microtransações são ofertas de compras dentro de jogos que permitem, por exemplo, a alteração do visual de um personagem, ou a compra de itens exclusivos.

“Há vários usos positivos de jogos que são mapeados pela literatura: educação, apoio para profissionalização, desenvolvimento de habilidades, de linguagens. Apesar disso, temos que estar atentos para os riscos. Meninas frequentemente sofrem discursos de ódio no ambiente de jogos e nas comunidades oficiais. Mas, sem dúvidas, o Marco Legal é uma vitória. Agora, precisamos estar atentos para que seja feita a melhor aplicação da lei”, finaliza.

Sobre o Alana

Alana é um grupo de impacto socioambiental que promove e inspira um mundo melhor para as crianças. Um mundo sustentável, justo, inclusivo, igualitário e plural. Um mundo que celebra e protege a democracia, a justiça social, os direitos humanos e das crianças com prioridade absoluta. Um mundo que cuida dos seus povos, de suas florestas, dos seus mares, do seu ar. Alana é um ecossistema de organizações interligadas, interdependentes, de atuação convergente, orientadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. O encontro de um Instituto, uma Fundação e um Núcleo de Negócios de Entretenimento de Impacto. Um combinado único de educação, ciência, entretenimento e advocacy que mistura sonho e realidade, pesquisa e cultura pop, justiça e desenvolvimento, articulação e diálogo, incidência política e histórias bem contadas.

Lula. Foto: Reprodução/Istoé Dinheiro

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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