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Ministro Juca Ferreira entende de games? E isso é um problema?

De cara Juca se diferenciou da ex-ministra Marta Suplicy e admitiu imediatamente que games são sim cultura, e uma arte relevante. Quando ele ocupou o mesmo ministério anteriormente, no segundo mandato do ex-presidente Lula, ele disse que tentou firmar parcerias entre a China e o Brasil para as áreas de videogames e cinema. Juca Ferreira também disse que seu filho de quatro anos vive assistindo animações em 3D e aprecia jogos digitais.

"O que eu devo acenar para eles é mostrar que videogames são uma economia possível para o Brasil", disse o ministro na entrevista. Ele não quer "brincar" de incentivar o setor. E o foco de Juca em seu trabalho é ampliar os incentivos da Lei Rouanet, que ajudaram o game Toren, da desenvolvedora gaúcha Swordtales.

Juca Ferreira realizou uma nova reunião no dia 4 de março, um mês depois, no Centro Cultural São Paulo ao lado da estação Vergueiro de metrô. O ministro conversou profundamente sobre políticas culturais. Perguntei sobre a revitalização do museu do Ipiranga, prevista para 2022 e que começou em 2013, um projeto que pode estar dentro dos incetivos das artes tradicionais que foram expostas na palestra. Aproveitei a deixa e também perguntei se a alguma proposta para o setor de games estava sendo pensada.

O ministro disse que as iniciativas com museus grandes e locais estão sendo levadas pela Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). No entanto, sobre a questão dos videogames, Juca Ferreira não respondeu nada especificamente e disse apenas que gostaria de desenvolver iniciativas digitais junto com a promoção das artes tradicionais.

Ele voltou atrás no que disse em uma entrevista mais pessoal? Acredito que não.

Mas o novo ministro de Dilma Rousseff certamente não é uma pessoa com conhecimento aprofundado em games brasileiros. Ele sabe que existem as empresas e que elas estão em situação precária, bem como o mercado que sofre com altos impostos.

Sobre o mercado, Juca acredita que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deveria promover incentivos com diminuição de carga tributária. Com o país em crise econômica, essa ideia se torna mais difícil.

No entanto, Juca Ferreira quer fazer algo pelos videogames. No segundo mandato de Lula, ele promoveu o audiovisual brasileiro fora do país. Tropa de Elite, filme do brasileiro José Padilha sobre o BOPE e as Polícias Militares do Rio de Janeiro, se tornou um produto de exportação. Com este exemplo, o ministro teria capacidade de criar meios culturais e outros incentivos fora do setor tributário para pavimentar caminho na indústria brasileira de jogos.

O desconhecimento do ministro sobre o assunto não inibe boas ações dele no atual governo. Mas não se pode esquecer o enorme envolvimento do político que é sociólogo com os cineastas nacionais, que se desenvolveram durante a ditadura militar protestando contra o regime. Juca foi igualmente perseguido no mesmo período e tem simpatia por essas pessoas. É este tipo de relação ainda precisa ser construída entre as autoridades brasileiras e os empreendedores na área de games.

 

Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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