Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos
Monique Alves é uma das profissionais de comunicação mais esforçadas que conheci.
Fã da franquia Resident Evil desde a infância, ela construiu uma comunidade de fãs do game desde 1997. O Resident Evil Database, seu atual site, é a maior página em língua portuguesa sobre RE, com mais de meio milhão de curtidas no Facebook no Facebook e diversas entrevistas exclusivas com dubladores da série e outros detalhes. Ela construiu, inclusive, uma parceria com a assessoria da Capcom, empresa dona dos jogos.
Desde 2017, construímos uma parceria entre Resident Evil Database, Drops de Jogos e Rádio Geek no programa NewsGames, que vai ao ar nas terças-feiras. Falamos das principais notícias da indústria de jogos e entrevistamos desenvolvedores, artistas, entusiastas dos games e dubladores nacionais e internacionais, entre outras figuras, trazendo material corrente da imprensa e algumas exclusivas.
Pois é.
No mês de janeiro de 2020, o Database deu o que falamos no jargão da imprensa de “furo jornalístico” e não foi devidamente creditado pelas mídias. Monique acompanha os rumores de Resident Evil e resolveu fazer um trabalho mais profundo que muitas vezes nem os repórteres brasileiros fazem no mercado. Os sites de notícias brasileiros, muitas vezes por estarem distantes dos Estados Unidos ou do Japão, não checam diretamente com as fontes e reproduzem muitas traduções do que é veiculado no exterior.
Monique Alves fez algo relativamente simples, mas que ninguém fez naquele mês: acionou a Netflix. Estavam ventilando que haveria uma série live action de Resident Evil para a plataforma de streaming. Monique fez o que os jornalistas deveriam ter feito e acionou a assessoria, cobrando um posicionamento oficial.
Ela entrou em contato com a assessoria porque tinha vazado a seguinte sinopse no site da própria plataforma:
“A cidade de Clearfield, no estado americano de Maryland, há muito vive sob a sombra de três entidades aparentemente desconexas: a Umbrella Corporation, o já desativado Greenwood Asylum e a capital federal, Washington. Agora, vinte e seis anos após a descoberta do T-Vírus, os segredos mantidos pelo trio começam a ser vir à tona, com os primeiros sinais da epidemia.”
E a Netflix, naquela ocasião, confirmou que a sinopse era real.
Mas, como é de praxe no jornalismo, veio alguma ordem de cima e, no dia 10 de fevereiro, plataforma desmentiu as informações antecipadas pelo Database.
Na minha breve carreira jornalística, já vi casos como esses acontecerem. A empresa desmente a imprensa, provavelmente tentando proteger o sigilo da produção, para não vazar além do que pode ser interessante para o marketing. Nenhum veículo na época creditou o Database ou especificou os rumores que foram devidamente apurados por Monique. Não se trata de ser ombudsman da imprensa aqui, mas apenas dar os devidos créditos.
O Resident Evil Database estava correto.
No dia 27 de agosto de 2020, sete meses depois daquele vazamento, a Netflix confirmou a série live action de Resident Evil com as seguinte informações:
“A produção será da Constantin Film, inspirada na aclamada franquia de games da Capcom
A Netflix confirmou hoje que lançará uma série live-action inspirada na extraordinária franquia de games Resident Evil, da Capcom.
Episódios: 8 episódios de 1 hora cada;
Showrunner/produtor executivo/roteirista: Andrew Dabb (Supernatural);
Direção/produção-executiva: Bronwen Hughes (The Walking Dead, The Journey Is the Destination) será a diretora e produtora executiva dos dois primeiros episódios;
Produção-executiva: Robert Kulzer e Oliver Berben, ambos da Constantin Film, e Mary Leah Sutton;
Produção: Martin Moszkowicz, CEO da Constantin Film;
Estúdio: Constantin Film”
Monique fez uma live logo após o anúncio oficial, lembrando do trabalho do Database com a assessoria da empresa de streaming no início do ano, quando deu seu furo.
Importante dar os devidos créditos para quem estava em cima da informação verdadeira, mesmo com desmentidos da própria Netflix. O Resident Evil Database, em seus mais de 20 anos de trabalho, foi atrás do que interessa para os fãs – e para o público de games num todo.
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