Participaram da mesa os seguintes debatedores: Luciane Gorgulho (BNDES), Alfredo Manevy (Spcine), Flávia Egypto (APEX-Brasil) e Mauricio Hirata (Ancine).
A pergunta, lida pelo moderador Ale McHaddo (44 Toons e ABRAGAMES), foi a seguinte: "O que podemos fazer para defender os nossos avanços (nos games) da ameaça conservadora que se instalou – eu vou ler aqui, tá? – depois do golpe?".
Alfredo Manevy da Spcine respondeu a questão sem fugir do aspecto ideológico. "Eu falei já sobre isso aqui sem mencionar a palavra golpe, embora eu ache que foi um golpe. Acredito que tem que existir uma organização do setor (de games) e ele precisa estar atento ao que está acontecendo. Acabar com a tecnologia e com a cultura como esse governo tem feito, e depois voltar numa concessão ainda criminalizando a Lei Rouanet, é muito grave. O setor de games precisa reconhecer que é o passaporte para o futuro da cultura do entretenimento que eu acredito que é a linha de frente de resistência deste golpe", frisou.
Diretora-executiva da ABRAGAMES, Eliana Russi se posicionou de forma diferente: "Quero afirmar que nós não temos nenhuma posição política. A gente está trabalhando com um setor que dá certo, um Brasil que funciona. Aqui ninguém é golpe ou anti-golpe".
As demais pessoas não se posicionaram substancialmente, enquanto Manevy apontou os visíveis desmontes provocados pelo governo Temer tanto do ponto de vista do audiovisual quanto de outras áreas. "Minha posição não é partidária, mas como cidadão. Justamente afirmo isso para não perder os avanços que tivemos".
A falta de politização dos discursos à respeito do novo governo Michel Temer é prejudicial para o mercado de games. Não se trata, sem dúvida alguma, de uma defesa cega do governo Dilma Rousseff ou do Partido dos Trabalhadores. No entanto, é necessário reconhecer que em 13 anos de gestões petistas, o setor de jogos digitais sofreu um boom inédito em sua história.
Se não foi por culpa do governo federal, certamente foi pela ausência de barreiras de sua parte. Diferentes editais públicos foram abertos por ministérios de Estado. Fora isso, uma pesquisa da UNESP aponta que o maior financiador da cena brasileira de games foi o BNDES, banco que é um dos principais patrocinadores do BIG Festival.
A discussão política sobre a situação brasileira, portanto, é importante para conservar conquistas e avançar nos desafios impostos aos jogos no Brasil.
E um ponto de vista que merece crítica, desde que seja feita de maneira respeitosa, é sobre essa suposta neutralidade defendida oficialmente pela ABRAGAMES. Se o governo Temer inibir a realização de editais através de uma gestão que não foi eleita nas urnas, extremamente impopular diante da opinião pública real, o caráter golpista de suas manobras não pode ser descartado.
A classe artística e cultural, que também está ligada aos games, tem todo o direito de se manifestar politicamente diante de tal presidente.
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