O Senado recebeu, na última quinta (21), a segunda audiência pública para discutir o Projeto de Lei 383/17, também conhecido como a Lei dos eSports.
No encontro estavam presentes a Senadora Leila Barros, presidente da Subcomissão de Esporte e Educação Física; Daniel Cossi, Presidente da Confederação Brasileira de Desporto Eletrônico (CBDEL); Roberto Moraes Tavares, da Confederação Brasileira de Games e e-Sports (CBGE); Bruno Gabriel de Mesquita, da Confederação Brasileira de Esportes Eletrônicos (CBEE), e os médicos psiquiatras Fabio Gomes de Matos e Josianne Martins de Oliveira.
De acordo com o site de eSports da ESPN, Leila do Vôlei deve fazer uma terceira audiência no começo de dezembro.
A discussão e a exposição de ideias no encontro foi, em uma única palavra, um grande e enorme fracasso.
Em uma live que não chegou a ser vista nem por mil pessoas, sobrou um discurso pobre e superficial tanto sobre eSports quanto sobre games num geral. Quem estava assistindo tirou sarro de boa parte dos presentes, porque eles não entendem absolutamente nada sobre jogos eletrônicos.
CBDEL e CBGE defenderam torneiros e iniciativas que empreenderam, com apoio de celebridades do futebol como Cafu. As confederações querem se aproximar de entidades governamentais e regular o setor, o que é criticado por grandes marcas e figuras do cenário dos eSports. Muitos enxergam que o projeto de lei é uma desculpa para taxar e controlar o setor.
Essa discussão foi a de alto nível na subcomissão.
A coisa desandou quando os médicos psiquiatras Fabio Gomes de Matos e Josianne Martins de Oliveira resolveram falar. Tanto Josianne quanto Fabio resolveram abordar “violência dos jogos”, um assunto que nada tem a ver com as competições de eSports na prática.
Esbanjaram preconceito e desconhecimento sobre o tema, citando por alto algumas pesquisas não conclusivas que são feitas no Reino Unido e nos Estados Unidos. Nenhum levantamento nacional foi mencionado pelos especialistas sobre o consumo de jogos eletrônicos. Nem mesmo os dados superficiais da Newzoo. Não falaram absolutamente nada de relevante.
Numa sessão esvaziada, sem nenhuma conexão real com o cenário de games no Brasil, especialistas sem nenhum interesse em estudar com profundidade o setor levantaram uma discussão que era atual nos anos 80, quando foram criadas as classificações indicativas para games.
Se é pra discutir violência e não o consumo real de eSports no Brasil, que possui avanços e enfrenta carências, é melhor, realmente, não discutir nenhuma lei para o setor.
Se a discussão continuar com esse tipo de andamento, é um prato cheio para oportunistas e para gente que não tem o mínimo de interesse pelo setor.
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