UOL Jogos, sendo um dos veículos mais antigos na cobertura de games digitais (duas décadas não é pouco…), fez uma cobertura jornalística, na minha opinião, apropriada e atenta do fenômeno da retomada de Pokémon. Ficou em cima da pauta o quanto pôde, traduzindo as notícias que não paravam de chegar, testando o game antes dos demais, inclusive fora do Brasil. O UOL ficou focado no assunto que certamente chamou mais atenção na cena dos videogames internacional de 2016.
Houve, é claro, furos dentro desta cobertura. Mas quem acha que jornalismo é ciência perfeita ou é ingênuo ou não conhece a fundo a própria profissão. E é comum que leigos critiquem pesadamente sem conhecimento de causa sobre a prática da comunicação.
Uma das falhas do UOL, na minha opinião, foi a divulgação do APK ilegal que vazou no dia 6 de julho. Mas não foram apenas eles que erraram. O próprio Drops de Jogos divulgou o mesmo link imaginando que era uma informação lícita. Pouco depois, um APK falso da Turquia circulou e não era um acesso clandestino ao Pokémon GO, que é gratuito. Tratava-se, na verdade, de um trojan (vírus) para celulares.
E vamos aos baits.
Sim, o UOL Jogos e os demais sites, grandes ou pequenos, fizeram matérias clickbaits. A isca de cliques é basicamente dar um tratamento diferenciado para títulos, thumbnail e texto de forma a atrair leitores. O desenvolvimento de um clickbait pode resultar, por exemplo, numa matéria sensacionalista.
O clickbait em si, no entanto, não é sensacionalismo. Fosse isso, então todo o conteúdo do BuzzFeed é sensacionalista, aponta para informações falsas e ilude o leitor. Isso não é verdade. Quem é leitor do BuzzFeed não espera nada de diferente do entretenimento deles, com listas, títulos curtos e testes. Não deixa de ser um veículo de comunicação por isso.
E escrever muito sobre Pokémon GO, em si, não é praticar clickbait. É apenas fazer jornalismo.
No caso, bom jornalismo. Porque o assunto dos últimos 30 dias que dominou o noticiário de nicho e manstream foi Pokémon.
O UOL Jogos fez ótimo jornalismo em cima da história de Pokémon GO, o suficiente pra conseguir o furo da data de lançamento do Brasil nesta quarta-feira (3), depois de um mês de hype. Se o jogo não saísse hoje, a culpa não é dos repórteres do UOL, mas sim do Niantic Labs e de seus servidores. Transmitiram a informação e ainda postaram a troca de email com a assessoria, provando que estavam sendo corretos e honestos.
Muita gente adora acusar sites que conseguem cliques de "apelarem" em seus conteúdos.
Às vezes as pessoas não constatam o óbvio: Se há muita leitura, é também porque a pauta é importante.
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