Cultura

Saiba quais foram os problemas de saúde que tiraram Nicko McBrain do Iron Maiden

O baterista Nicko McBrain do Iron Maiden deixou o grupo após 42 anos ao encerramento da turnê “The Future Past”, ocorrido com duas apresentações em São Paulo. Porém, não dá para dizer que alguns sinais não foram deixados pelo caminho. No início da excursão atual, alguns já vinham observado dificuldades na performance do músico.

Assim que rumores pipocaram, o próprio veio a público revelar que havia sofrido um AVC. À revista Metal Hammer ano passado, ele revelou ter ficado bastante receoso com a possibilidade de uma aposentadoria forçada.

O AVC do ex-baterista do Iron Maiden e outra doença

“Bem, foi muito, muito difícil. Quando aconteceu pela primeira vez, pensei: ‘É isso. Não vou poder tocar mais. Tenho uma turnê marcada para daqui a três meses’. Tive muito tempo para reflexão no hospital. Minha esposa foi realmente meu bastião de força e incentivo, esteve comigo o tempo todo. Fiz muitos exercícios de força, muitos alongamentos com pesos estranhos que eles têm e consegui minha resistência de volta.”

Ao podcast Washington Tattoo já este ano (via Blabbermouth), Nicko compartilhou algumas memórias do ocorrido.

“Aconteceu em 19 de janeiro do ano passado. Faria uma cirurgia de catarata naquele dia. Talvez eu tenha sentido muito estresse e angústia, com alguém mexendo com seus olhos. Seriam os dois ao mesmo tempo. Antigamente se fazia um de cada vez, só para garantir. Você andaria por aí cego de um olho, não dos dois. E eu tinha uma fonte confiável de que essa é a única razão pela qual eles não gostam de fazer, mesmo hoje em dia, ambos ao mesmo tempo. Mas tinha confiança no cirurgião e na medicina atual, então disse: ‘Ah, posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo?’ ‘Sim, sem problemas.’”

Porém, nada saiu como o previsto. Um problema ainda mais grave de saúde o acometeu, como o próprio recorda. “Lembro que estava assistindo a um jogo de tênis na TV às seis da manhã, o que é incomum para mim, porque eu acordo por volta das sete, sete e meia. Estava um pouco ansioso. A seguir, relaxei na espreguiçadeira e dormi. Acordei cerca de 45 minutos depois e tinha sofrido esse derrame. Levantei meu braço, pensando, ‘O que está acontecendo aqui?’ Eu podia senti-lo, mas ele não respondia. Soltei e ele simplesmente caiu, senti que algo não estava certo. Minha perna não paralisou, mas ficou bamba. O que foi uma coisa boa, porque meu pé ainda funcionava.”

A solução foi a óbvia: partir para o hospital. “Chegando lá, havia uma equipe inteira de pessoas trabalhando ao meu redor. Era como se fosse um astro, mas eles nem sabiam quem eu era. Esse é o tipo de tratamento que todo mundo recebe quando tem um derrame e vai para o Hospital Batista de Boca Raton. Eles têm uma equipe de, tipo, 12 pessoas ao seu redor instantaneamente, não importa quem você seja. Fizeram uma tomografia computadorizada e uma ressonância magnética.

Quando saí, Marc A Swerdloff, meu médico neurologista, tinha uma infinidade de alunos ao seu redor, cerca de seis crianças, jovens — eu os chamo de crianças, mas eles provavelmente estão todos na faixa dos 20 ou 30 anos. De qualquer forma, ele diz ‘você teve um derrame, Sr. McBrain’ e eu respondo ‘Sim, me diga algo que eu não saiba.’ Ele riu e prosseguiu ‘É um AIT.’ Eu disse, ‘Ok, então não é um derrame grave.’ Ele disse, ‘Sim.’

Ele disse, ‘Temos esse medicamento chamado TNK [tenecteplase]’, que, o que significa, eu não tenho ideia. E ele disse que é um destruidor de coágulos, e previne qualquer dano adicional ao seu cérebro que possa ter ocorrido ou que já tenha ocorrido. Ele disse, ‘Mas há um risco.’ E eu disse, ‘Qual é o risco?’ Ele disse, ‘Você pode morrer.’ Eu disse, ‘Ok. Então, qual é a porcentagem de falha de pessoas [tratadas com tenecteplase intravenoso]?’ Era de sete a nove por cento. Ele diz: ‘Então, se você tem, temos que colocá-lo em tratamento intensivo por 24 horas e monitorá-lo a cada hora.’ E eu disse: ‘Bem, ok, vamos lá.’”

Porém, como em um procedimento de risco, o paciente precisa se responsabilizar. McBrain resolveu bancar a situação. “Ele diz: ‘Assine aqui.’ Sou destro, então tive que fazer uma cruz. ‘Apenas faça o máximo que puder.’ Eu meio que rabisquei meu nome em uma linha. Ele me deu do lado de fora da ressonância magnética. Cerca de três horas depois, estou lá em cima. E finalmente, consegui mover meu polegar um pouco — a primeira coisa que consegui mover. Fiquei internado por duas noites e, no dia seguinte à alta, passei a fazer três fisioterapias por semana e terapia ocupacional. Minha escápula caiu e, aparentemente, meu rosto estava aqui embaixo, embora eu pudesse falar. Então, a única coisa que tive foi uma paralisia.”

Nicko ainda falou sobre o processo de recuperação. E reconheceu não conseguir tocar mais algumas transições – o que certamente influenciou na decisão de se afastar da banda.

“Os primeiros três meses de um derrame são onde você tem mais recuperação. Depois disso, os próximos três são um pouco menos e então os três meses depois disso, e assim por diante. Ainda não voltei para onde quero estar. Não consigo mais fazer uma transição de 16 para 32 notas. Consigo tocar colcheias, esse tipo de groove. Posso fazer dobras, mas quando tento tocar aquela 16ª nessa velocidade, em vez de subir e descer, ela oscila da esquerda para a direita quando tento tocar rápido. Então tive que adaptar minhas viradas. Por exemplo, não toco mais a virada de ‘The Trooper’ porque não consigo adaptar à velocidade. Faço tudo devagar para ter certeza de que posso manter o groove.”

Para completar o cenário, Nicko McBrain havia sido diagnosticado em 2020 com um câncer na laringe. O tumor estava em estágio inicial, o que facilitou o tratamento e a recuperação.

Tumor foi removido com uma cirurgia na área afetada apenas uma semana depois de a doença ter sido constatada. O músico, em remissão, segue em consultas médicas periódicas para saber se o problema de saúde voltou – até agora, nem rastros.

Com informações da Whiplash.net.

Iron Maiden. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

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