Publicado originalmente no Betway Insider
A indústria de jogos já protagonizou casos de extremo sucesso e outros que infelizmente não tiveram o mesmo resultado
Já faz tempo que a indústria de games conquistou o respeito do mercado. Atualmente, a categoria é a mais rentável no mundo do entretenimento, movimentando bilhões de dólares anualmente com jogos, serviços, consoles e acessórios.
Há diversas histórias de sucesso que poderiam ser mencionadas aqui, como jogos que surpreenderam positivamente, mas há também os verdadeiros fracassos, casos em que a derrota foi tão grande que entrou para a história.
Buscando entender se existe ou não fórmula mágica para criar um jogo de sucesso, nosso time de bets em eSports conversou com Matheus Martin, desenvolvedor de jogos e co-fundador da Unbelievable Gameworks. Nesse papo além de contar alguns fatores que podem influenciar o número de vendas, Matheus também compartilhou seu ponto de vista sobre o mercado de games no Brasil.
Os sucessos da indústria dos games
Vamos começar pelos casos de sucesso.
Stardew Valley
Fonte: Steam
Com mais de 10 milhões de cópias vendidas em todas as plataformas, Stardew Valley é um verdadeiro sucesso no mundo. A ConcernedApe, desenvolvedora desse grande indie, alcançou um feito que até mesmo jogos AAA do mercado têm dificuldade de atingir.
Esse viciante simulador de fazenda com elementos de RPG está disponível em praticamente todas as plataformas, como consoles de mesa, PCs e dispositivos móveis. O mais impressionante é que o jogo, no início, foi feito por uma só pessoa ao longo de muitos anos, desde seu estilo artístico até a programação e a trilha sonora.
O game recebe atualizações gratuitas constantemente, o que adiciona novos recursos e modos de jogo à vida de fazenda, e já faturou mais de US$ 50 milhões.
Minecraft
Minecraft faturou mais de US$ 176 milhões ao longo de sua existência e foi vendido para a Microsoft por impressionantes US$ 2,5 bilhões. Markus Persson, mais conhecido como Notch, um sueco que desde a infância encontrou na programação de jogos sua verdadeira paixão, é a mente por trás desse game.
Em um único dia, em 2011, logo depois de a versão Beta ter sido lançada, a Mojang, desenvolvedora do jogo, vendeu cerca de 1 milhão de cópias de Minecraft. O título não tinha nada de muito extraordinário, mas era extremamente divertido e interativo.
Hoje, depois de muitas atualizações e presente em praticamente todas as plataformas, o game continua no mesmo formato: cheio de blocos, só esperando alguém criativo para transformar uma pilha de figuras geométricas em um novo mundo. E não pense que os jogadores não são capazes de fazê-lo.
Tetris
Mesmo com quase 40 anos de história, Tetris consegue se manter atual e vivo em grandes plataformas. A lógica do game é extremamente simples, exigindo a montagem de um quebra-cabeça com peças de diferentes formatos capazes de girar no próprio eixo em apenas quatro posições.
Até 2019, todas as versões licenciadas do jogo faturaram mais de US$ 50 milhões em todo o mundo, e o game já foi traduzido para mais de 50 idiomas e adaptado para mais de 30 plataformas.
O Tetris nasceu na antiga URSS, em junho de 1984, desenvolvido pelo cientista russo Alexey Pajitnov, que, em plena Guerra Fria, inspirou-se em um jogo de tabuleiro de origem grega chamado Pentominoes. A diferença é que o game desenvolvido pelo cientista é dinâmico, em uma espécie de corrida contra o tempo.
Hollow Knight
Outro título independente é Hollow Knight, que vendeu mais de 2,8 milhões de unidades e faturou mais de US$ 25 milhões somente em cópias para PC. O game traz um pequeno cavaleiro inseto em uma grande e desafiadora aventura com visuais desenhados à mão e gameplay inspirado em clássicos como Metroid e Castlevania — que deram nome ao estilo metroidvania.
A história é contada de maneira indireta em informações encontradas pelo mundo do game e em algumas cenas. Nos quesitos técnicos, Hollow Knight impressiona bastante ao rodar bem em praticamente qualquer plataforma e ter belíssimas artes 2D em alta resolução e complementadas com cenários ricos e belos efeitos.
Among Us
Lançado de forma despretensiosa em 2018, Among Us só se tornou um sucesso em 2020, quando alcançou números impressionantes e vendeu mais de 85 milhões de cópias no Switch e no PC. Gratuito para dispositivos móveis, faturou mais de US$ 39 milhões nesse pequeno período.
No jogo, até dez astronautas estão em uma nave espacial e há um impostor entre eles cuja missão é matar os outros sem ser pego. A graça está, justamente, nas discussões acaloradas que surgem para saber quem é o impostor, já que qualquer um pode pedir uma “reunião de emergência” quando se descobre um corpo, por exemplo.
Está na hora de conhecermos os games que não obtiveram bons resultados.
Duke Nukem Forever
Lançado oficialmente em 2011, Duke Nukem Forever levou 14 anos para ficar pronto e chegou muito abaixo da expectativa dos fãs. Desenvolvido pela 3D Realms e publicado pela 2K Games (distribuído no Brasil pela NC Games), o título tentou resgatar os conceitos que consagraram a franquia de sucesso, mas o resultado foi ruim em diversos sentidos.
Embora tenha sido lançado para PS3 e Xbox 360, os gráficos são datados e mais parecem pertencer à geração passada de consoles. Além disso, as mecânicas são bastante problemáticas, o que impossibilitou o jogo de cair na graça do público que ainda não conhecia a saga.
No geral, Duke Nukem Forever é um jogo decepcionante, especialmente se levarmos em conta o legado que a franquia deixou nos anos 1990. Certamente um dos maiores fracassos da indústria dos games.
E.T. the Extra-Terrestrial
O Atari 2600, lançado oficialmente em 1979, pode ser considerado o precursor do video game moderno, sendo o primeiro a permitir o uso de cartuchos; antes dele, os jogos vinham programados dentro do aparelho, e a mudança deu aos programadores a possibilidade de criar games depois de o console ser lançado.
Um desses jogos foi E.T. the Extra-Terrestrial, considerado por muitos o pior título da história. Ele foi apenas uma de várias vítimas de produtos licenciados, resultando em um game mal feito que pouco tem a ver com o material original e definitivamente não faz jus ao nome que recebeu.
Foram vendidas apenas 1,5 milhão de cópias, o que faz que seja considerado um dos responsáveis pelo crash da Atari e da indústria de games em 1983. Para lidar com a grande quantidade de cartuchos não vendidos, a empresa chegou a enterrar várias unidades no deserto.
Shenmue III
A franquia Shenmue, cujo primeiro game foi lançado em 1999 para o finado Dreamcast, trouxe muitas das mecânicas inovadoras presentes atualmente em vários jogos. Isso inclui mundos abertos, exploração e missões auxiliares, várias vias de gameplay, storytelling ramificado em um grande arco e diversas pequenas narrativas que se amarram. A sequência do título, Shenmue 2, lançada em 2001, solidificou essas mecânicas.
Shenmue 3, lançado 18 anos depois, manteve as raízes da franquia — e foi exatamente esse o motivo de seu fracasso. Embora tenha vendido mais de 1 milhão de cópias, a falta de inovação e as vendas fracas não chegaram a pagar o custo de produção, de US$ 70 milhões.
Cyberpunk 2077
O caso mais recente de fracasso na indústria dos games é Cyberpunk 2077. O jogo não foi um desastre completo, tendo vendido mais de 15 milhões de cópias, mas esse número ficou muito abaixo das expectativas da desenvolvedora responsável pela franquia de sucesso The Witcher.
O principal problema foram os bugs graves na versão para consoles de mesa, que fizeram milhares de jogadores pedirem reembolso, e o título chegou a ser retirado das lojas de PlayStation e Xbox. No PC, o game roda bem, mas ainda há críticas com relação à baixa qualidade no geral.
Atualmente, é muito clichê imaginar que exista uma “receita de bolo mágica” para que um jogo seja extremamente bem-sucedido. Contudo, diferente de outras áreas de entretenimento, o setor de games está aos poucos consolidando algumas fórmulas de sucesso que vêm provando seu valor repetidas vezes na última década (isso não significa que serão eternamente as escolhas mais viáveis).
Vinícius Munhoz, jornalista e especialista em games, afirma que, na realidade, a indústria de games está em constante mudança, assim como os próprios jogos. Ele comenta: “Já vimos a ascensão e a queda de grandes jogos que criaram verdadeiras ‘tempestades’ no mercado, como Candy Crush, Farmville e outros que apostaram em uma ‘mecânica de vício’, trazendo uma fórmula acessível às plataformas, estimulando o usuário a não parar de jogar”.
Dessa forma, assim como esses games chegaram ao topo no passado, o que faz sucesso hoje também pode deixar de ser atrativo ao jogador em algum momento. Jogos de serviços estão começando a ficar saturados no mercado e é possível perceber que até mesmo as apostas mais seguras, como utilizar a propriedade intelectual dos Vingadores da Marvel, não são um retorno garantido se o jogo falhar em seu aspecto fundamental: a diversão.
Em sua essência, games têm a função de entreter o jogador. Como você mesmo viu nesta lista, diversos jogos de sucesso não trouxeram ideias mirabolantes e complexas, mas sim apenas mecânicas refinadas que agradam muito quem joga. Quem diria que Among Us desbancaria grandes títulos de 2020?
Nesse sentido, Munhoz ainda lembra que o sucesso de um jogo vai muito além da dinâmica e da jogabilidade: “Ter um alicerce consolidado e um marketing extremamente agressivo nunca fará falta. Não é à toa que franquias como Call of Duty, FIFA e Destiny vendem muito bem, ou Mario, God of War e outras séries são garotos-propagandas de seus consoles. Por outro lado, há jogos indies explodindo em popularidade, simplesmente pelo fato de terem fugido da mesmice”.
No fim, existem “receitas de bolo” que têm mais chances de darem certo, mas mesmo estas precisam ter seu charme e saber encantar o público. E, como é visto cada vez mais, ainda há muitas fórmulas de sucesso sendo descobertas. Quem sabe o que fará um jogo ter sucesso daqui a 10 anos? Algo é certo: ele precisa ser, no mínimo, divertido de jogar.
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