Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
O maior rio da Ásia chama-se Yangtzé e foi ele que eu cruzei, em agosto de 2024, ao chegar em Wuhan, a primeira cidade no mundo afetada pela pandemia da Covid-19, em uma viagem a trabalho. Um dos lagos conectados ao imenso rio é o Lago Leste, conhecido por ser o favorito do ex-presidente da China e a figura mais importante do Partido Comunista Chinês, Mao Zedong.
O Lago Leste, como o Rio Tietê em São Paulo e o Rio Sena em Paris, poderia ter se tornado mais um dos locais poluídos pela humanidade e impossível para o banho. No entanto, o Estado chinês e os seus recursos tecnológicos foram utilizados para manter o lago completamente limpo, combinando capacidade manual de engenheiros ambientais e computação.
A China transformou estações de tratamento de água nos arredores do lago em laboratórios de rastreamento de fauna e flora, detectando espécies que poderiam ser afetadas por ação humana, bem como biomas que poderiam ser afetados pelas construções. Os computadores instalados nesses locais desenvolveram algoritmos para retroalimentar o sistema com informações atualizadas do ambiente, contribuindo para construções de soluções definitivas para manter a qualidade do meio ambiente.
O lago do camarada Mao, responsável pela Revolução Cultural e pela consolidação da China moderna, certamente não teria sido tão preservado se não fosse por um capricho do líder comunista. Na exposição do desenvolvimento de tecnologias para jornalistas brasileiros, os representantes do Partido Comunista Chinês explicaram a visão de crescimento para a nação deles. Para além da demanda de alta produtividade, a China busca uma visão menos imediatista sobre a expansão dos seus próprios horizontes.
Nos paineis de planos para o futuro, há previsões para 2025, o ano que vem, buscando uma consolidação das metas ambientais. Mas há projeções para 2030 e para 2050. E há modelos de cidades para 2100. A China parece estar se preparando para o colapso do meio ambiente de outros países, enquanto o Brasil amargou o status de pior ar respirável com a cidade de São Paulo em setembro deste ano.
A questão aqui não é, no entanto, entrar na síndrome de vira-lata e acreditar que tudo o que fazemos não presta, mas olhar para as metas chinesas e aplicar ao nosso modo, buscando o longo prazo.
“Para o povo e para a natureza” é o lema dos técnicos chineses e do Estado asiático para atender sua gente.
A jornalista Patricia Gnipper entrou neste Drops de Jogos no começo deste mês. Foi chefe de redação do Canaltech, um dos maiores sites de tecnologia do Brasil, e aceitou, após longas conversas comigo, apostar numa mudança de ares neste site – para abrigar aspirações profissionais dela e ideias que eu vinha alimentando há algum tempo sem ter com quem contar.
Uma das inspirações é um crescimento a la China: Ano que vem o DJ completa uma década de existência. A trajetória do nosso site foi marcada por um jornalismo crítico e de qualidade. Mas sabemos que podemos ambicionar uma mudança mais profunda no nosso trabalho, para afetar a sociedade no longo prazo.
Patricia passou uma década trabalhando com assessoria de imprensa e a segunda década de sua carreira na reportagem. Planeja olhar essa terceira etapa como uma consolidação dos seus princípios jornalísticos.
Eu, por outro lado, ambiciono tornar este um espaço de resistência jornalística. Mas não só disso. Para tornar eventualmente um espaço de ofensiva para mudar um mercado guiado apenas por metas financeiras e menos por princípios humanísticos. A minha visão não é a causa imediata, mas as mudanças de longo prazo.
Patricia chegou no nosso time para pensar esse cenário de forma conjunta. Se teremos êxito, isso é tema para um futuro texto.
Os planos de crescimento futuro, no entanto, seguem em ritmo chinês.
Transparência: O autor deste texto visitou quatro cidades chinesas e um vilarejo à convite do Partido Comunista Chinês para reportagens no site Diário do Centro do Mundo, o DCM.
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