Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.
Este texto é uma resposta ao texto do advogado André Sica, publicado na Máquina do Esporte, em 26 de setembro de 2023. Neste ano, tivemos o caso da tentativa de infiltração dos fantasy games no PL 2796, o chamado Marco Legal dos Games, de autoria do deputado Kim Kataguiri (União Brasil). Ao contrário do senhor Sica, que se segura no decreto 3.688/41, trago provas.
O primeiro grande problema dos defensores dos fantasy games é que eles só conseguem citar dois estudos para tentar separar essa categoria das apostas. Um é da Kansas State University de 2018. O segundo é do MIT, de 2019. O que eles não explicam: Apesar das instituições respeitadas, esses estudos não inserem fantasy na grande indústria. Vê-se NFT, blockchain e outras tecnologias recentes na GDC, mas nem sinal de fantasy games.
A indústria de games brasileira, com todas as suas debilidades, existe desde 1981. Inserir uma categoria de jogos que foi criada recentemente, que tem o evidente interesse financeiro no desenvolvimento de “habilidades” é subestimar a inteligência do leitor, dos especialistas que estudam seriamente o setor.
O segundo indício sério de que os fantasy games vivem uma séria crise de identidade chegou no meu email em 26 de outubro deste ano. Trata-se de um release do Rei do Pitaco, uma das empresas ligadas à Associação Brasileira de Fantasy Sports (ABFS) ao lado da Cartola FC – que é do Grupo Globo.
A promessa é de uma informação “exclusiva”. Não é exclusiva. É pura propaganda.
Com o título “Rei do Pitaco será a plataforma oficial do 1º Campeonato Brasileiro de Fantasy Sports”, o texto de divulgação da empresa traz um trecho revelador:
“Rei do Pitaco é sportstech líder em entretenimento esportivo”.
Em outro trecho:
“A Sportstech foi fundada em 2019 com o propósito central de levar mais diversão e entretenimento para a vida de quem ama esporte”.
A empresa é de fantasy game? É sportstech? O que ela é?
E o terceiro indício foi levantado por este Drops de Jogos em uma série de reportagens. Listo as seguintes:
Diretora de associação dos fantasy games participou de premiação de apostas.
Nos três textos, uma única história: Bárbara Teles, advogada da empresa Rei do Pitaco e diretora de relações governamentais Associação Brasileira de Fantasy Sport, a ABFS, esteve representando a entidade em dois eventos de apostas [com uma companhia do jogo do bicho], além de uma premiação.
Parece aposta, soa como aposta. Não é aposta?
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