Mesmo enfrentando preconceitos e dos ambientes eventualmente inóspitos, a presença das mulheres é cada vez maior no setor de tecnologia e também na produção de jogos, como mostra o 2º Censo da Indústria de Jogos Digitais, realizado em maio do ano passado.
Um painel com profissionais e pesquisadoras da área falará sobre o tema e sobre os desafios da mulher na indústria de games no próxima edição do Pixel Show, festival ligado à cultura, economia criativa e artes em geral.
Entre as presentes, a professora universitária Erika Caramello, doutora em Educação, Arte e História da Cultura, e especialista em games, realizará a palestra Presença Feminina no Mercado de Games, no próximo dia 30 de novembro, às 11h50.
“Infelizmente, como em toda a área onde as mulheres são minoria, abusos acontecem na indústria de games. Mas graças às redes sociais e ao poder de mobilização por elas proporcionado, estes abusos estão vindo a público, permitindo mudanças importantes para o ingresso das meninas nesta área”, explicou Érika, em bate papo com o Drops de Jogos.
Para a profisisonal, algumas ações afirmativas vêm se consolidando, sejam de forma coletiva, a exemplo da maratona de jogos Woman Game Jam, ou mesmo individuais, considerando a presença mais efetiva de mulheres em salas de aula e nos postos de trabalho ligados à área.
“Durante a minha palestra no Pixel Show, espero apontar justamente os lugares de representatividade e representação das mulheres nos games. Ou seja, apresentar quem são e onde estão as mulheres da indústria de games brasileira, quem são as jogadoras do mercado e como as mulheres são representadas através das personagens, tanto na indústria mainstream, quanto na de jogos independentes. É a tríade básica que abordarei”, comentou, indicando o teor de sua fala no evento.
Érika ressalta que os jogos AAA nem sempre apresentam personagens femininas condizentes com a atual realidade das mulheres, que trabalham e são responsáveis pelo próprio sustento. “Boa parte das histórias ainda não são protagonizadas por mulheres ou, quando são, ainda vemos personagens muito sexualizadas, afastando boa parte da audiência [feminina]. Há ainda o lugar comum da temática ‘Romance’ permeando as narrativas voltadas para o público feminino, o que não deixa de ser limitador perante os papéis sociais da mulher na atualidade”, enfatizou.
“Por isso, a presença de mais mulheres na indústria de games é extremamente importante, bem como de outras minorias sociais, pois assim essa indústria criativa será contemplada com novas histórias, com novos pontos de vista”, afirmou a criadora de games, que atua no mercado digital desde 2000 e está diretamente envolvida com a produção de games desde 2006.
“O mais importante é destacar que esta palestra, mais do que um levante social em prol das mulheres, trata-se de mostrar perspectivas econômicas a partir do poder de consumo e produção das mulheres na área de games, que tende a ter um crescimento exponencial nos próximos anos”, finalizou.
O Pixel Show acontece nos dias 29 e 30 de novemrno e 1º de dezembro, no Centro Promagno, na Avenida Profa. Ida Kolb, 513, no Jardim das Laranjeiras, em São Paulo.
Os ingressos podem ser adquiridos diretamente no site do evento.
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