De Amazônia (1982) a Aritana II: Twin Masks, a cultura brasileira é destaque nas produções nacionais.
Que os games brasileiros vêm crescendo em quantidade de projetos e na qualidade de suas produções não é novidade. A boa notícia é que o resultado de nossa produção tem sido tão positivo que os indie games nacionais estão ganhando cada vez mais atenção de grandes empresas do mercado e também da mídia local e internacional.
Esta semana, o game Arida, criado pelo estúdio soteropolitano Aoca Game Lab, foi capa da Ilustrada, caderno de Cultura do jornal Folha de S. Paulo (vide imagem desta reportagem). Não chega a ser um feito inédito (Huni Kuin, produzido pelo antropólogo Guilherme Meneses já havia integrado uma reportagem sobre a estética indígena em 2015), mas é certamente um diferencial a forma como a reportagem dedica espaço para tratar de questões que envolvem aspectos conceituais e cultura contemporânea a partir do design visual, narrativa e mecânicas do game, demonstrando como estes fatores têm peso nas produções atuais.
Outros games internacionais já foram tema de reportagens envolvendo o viés cultural de tais produções, e os indies brasileiros parecem merecer, finalmente, a mesma atenção.
“‘Árida’ consegue se destacar ao direcionar tramas, gráficos e mecânicas para o contexto brasileiro”, afirma o jornalista João Varella. “Em mais de 30 anos jogando videogames, é a minha segunda vez diante de uma protagonista mulher não branca. A primeira foi em ‘Dandara’ (Long Hat House), também brasileiro e também independente”, ressalta em sua análise.
O artigo da Ilustrada também dá destaque ao jogo Arani, produzido pelo estúdio indie Diorama Digital, de Recife, que apresenta uma guerreira indígena como protagonista e uma narrativa inspirada na cultura dos índios sul-americanos. “São várias mitologias da região, um apanhado”, resumiu Bruno Palermo, desenvolvedor à frente do projeto.
Um detalhe que chama a atenção é a maneira como estes e outros games não se dobram às fórmulas fáceis da “brasilidade”, caricaturando temas como o Carnaval ou forçando a mão no folclore, retratando personagens da mitologia nacional com superpoderes, como um Super Saci ou os Boitatás Ninjas.
Entre inúmeros jogos produzidos ao longo de décadas no país respeitando nossas origens e culturas, como Amazônia, criado por Renato Degiovani, em 1982, A Lenda da Gávea, de Degiovani e Luiz Fernandes de Moraes, produzido em 1987, o recente Aritana II: Twin Masks, do estúdio Duiak, e outros tantos que vieram com a marca do DNA e da cultura brasileira em seu bojo, o mercado de games pode esperar por muitas novidades nacionais de qualidade daqui para frente.
Kao Tokio é agente cultural, editor de conteúdo do Drops de Jogos e editor-chefe do PopGeeks .
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