Em encontro inédito em São Paulo, no último dia 19 de agosto, no Spcine, a Abragames, BIG Festival, BNDES, MEC, MiNC/SAV/SPC, MDIC, ACERP, Ancine, TV Escola e APEX se reuniram para discutir uma política unificada para Games no Brasil. Ariel Velloso, assessor de Jogos Eletrônicos na Spcine, e também um dos articuladores envolvidos na realização da reunião, explicou em um post no blog da empresa de fomento à Cultura a importância desse evento. O Drops de Jogos reproduz a nota do profissional com suas ponderações sobre o evento.
Ainda que certa parcela dos desenvolvedores brasileiros demonstre inquietação com o tema, antevendo a ação do longo braço dos impostos sobre o setor, vale considerar que a questão da regulação da produção de games no Brasil vai muito além desse aspecto, buscando trazer meios para consolidar o mercado com ações que envolvam investimento, planejamento e estratégias para a produção.
Como afirmou Ariel, são todos agentes que já se articulam de alguma forma dentro desse ambiente. "Porém, no BIG Festival desse ano, em um dos painéis onde vários destes nomes estavam presentes, foi sugerida a organização de um esforço conjunto para potencializar resultados. Nessa primeira reunião, o principal foi conhecer cada um dos agentes, suas ações já feitas e vindouras, e quais as necessidades/dificuldades que mapearam no setor dentro do seu campo de ação", apontou na nota.
Entre as primeiras pautas que surgiram naturalmente desse primeiro encontro, o jovem revela alguns pontos de relevância:
– A regulamentação que a Ancine cogita realizar para o setor. "Ainda estão em fase de estudo e discussão", explicou;
– A formatação e divisão de esforços de fomento, entre eles concursos e editais. O profissional comentou que, sabendo a forma de atuação de cada agente, será mais fácil direcionar e unir esforços, citando exemplo hipotético: "Editais de games educativos poderiam ser direcionados pelo MEC, com apoio e supervisão dos outros agentes; editais de Games de entretenimento ou "autorais" poderiam vir pela Spcine", elucidou;
– O entendimento do game como tecnologia inovadora e que engloba uma série de aplicabilidades para diferentes setores: soluções para o audiovisual, treinamento de profissionais, procedimentos cirúrgicos etc.
– A importância de termos a criação e manutenção de propriedades intelectuais brasileiras. "Que o país não seja um mero 'prestador de serviço' desse setor", afirmou.
– A importância de alinhar o game com a Educação, tanto de produtos educativos baseados em franquias e IPs existentes, como da produção de conteúdo pedagógico específico para escolas. "Essa produção já existe, mas não há uma política ou método eficiente para aproveitar todo o potencial";
– Questões relativas a tributação seja nas app stores, na aquisição de equipamentos e em âmbitos diversos envolvendo a linguagem dos games e a tecnologia necessária para sua produção e desfrute;
– O papel e a influência das publishers dentro desse cenário;
– Uma primeira análise de esforços políticos similares ao que ocorre no país, a exemplo do Canadá, França etc, para avaliar os potenciais benefícios e abir o debate sobre quais as melhores características de cada modelo a ser seguido. "Um elemento norteador da discussão foi o estudo do BNDES do setor brasileiro de Games, publicado no fim do ano passado. Recomendo a leitura a quem tiver interesse", sugeriu. Segue link.
Essa primeira conversa serviu mais para elencar pautas e confirmar o interesse de todos os agentes em continuar colaborando periodicamente. Os encontros deverão acontecer a cada três meses. "É claro que os resultados mais importantes não serão sentidos a curto prazo, afinal é bastante complexo discutir e amarrar todas essas pontas, mas o interesse de todos ali é conseguir acompanhar a velocidade do mercado de games, que muda com rapidez maior que outras mídias", ponderou.
"Já havia diálogo entre praticamente todos os agentes, mas isso acontecia de forma pontual, one on one, quando necessário", acrescentou Velloso, em conversa com o Drops de Jogos. "E aí, os esforços ficam mais espalhados, não há uma política clara. Cada agente tenta fazer o seu melhor, mas acabam não aproveitando bem as oportunidades", declarou.
"Alfredo Manevy, presidente da Spcine, sugeriu que desse conjunto fosse criado um grupo de trabalho, para continuar a discussão e aproveitar melhor os esforços de cada agente", continuou, explicando que, apesar de ponbtuais divergências de interessas, há grande expectativa para a consolidação de um pensamento unificado: "Cada um tem as suas pautas e áreas de atuação, mas com o tempo, creio que vamos discutir em maiores detalhes, questões mais específicas", opinou. "Todos foram muito solícitos".
Segundo informações do assessor, outras reuniões darão continuidade ao debate, com o objetivo de construir uma agenda comum, capaz de conduzir o pleito do setor para instâncias decisórias. "Alguns assuntos são naturalmente mais polêmicos, como tributação dos jogos, de equipamentos eletronicos etc, assim como a participação e/ou regulamentação da Ancine nesse setor", ressaltou, sabendo ser essa uma das grandes dúvidas dos desenvolvedores nacionais: "Por um lado noto com frequência as pessoas reclamando que ninguém ajuda o 'pessoal dos games', que não tem políticas e incentivos potentes, mas aí, desde que essa reunião foi tornada pública, surgiu bastante gente cética, alguns criticando, duvidando que pode sair algo de bom dali", desabafou, mantendo firme sua decisão de apresentar as várias opiniões sobre o tema: "Fica uma sinuca de bico: pra gente mudar estruturalmente e dar mais oportunidades para os Games nacionais, temos que trabalhar em cima de questões espinhosas e polêmicas", argumentou.
"Se a gente não botar isso na pauta, aí sim os resultados serão bem mais decepcionantes, medíocres", enfatizou. "Meu trabalho desde então está sendo desmistificar essas crenças", finalizou.
A Spcine continuará dando integral apoio à iniciativa e contribuir para o fortalecimento do desenvolvimento de games no país.
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