Biblioteca de Zines reúne obras indie do BR para ler de graça - Drops de Jogos

Biblioteca de Zines reúne obras indie do BR para ler de graça

Projeto independente resgata a cultura dos fanzines, levando a arte underground a novas gerações

Biblioteca Brasileira de Zines

(Créditos: Patricia Gnipper/Drops de Jogos)

Um projeto independente com a intenção de arquivar zines brasileiros. É disso que se trata a Biblioteca Brasileira de Zines, lançada há poucos dias, em 13 de janeiro de 2025.

Idealizada pela artista e designer Luana Góes, a biblioteca funciona como um catálogo de zines de qualquer tipo, com qualquer temática, feitos por qualquer pessoa, de qualquer lugar do Brasil. Democrático e inclusivo por essência, o projeto não cobra assinatura para acessar a biblioteca, cujo acervo também é oferecido gratuitamente. Sim, você pode baixar zines sensacionais sem pagar nada.

Luana contou ao Drops de Jogos que sempre foi envolvida com projetos de sites e também de zines enquanto designer, em parceria com sua irmã gêmea, Luma Montes, que é programadora. Ambas tocam um projeto de código aberto chamado Common Blue Studios por onde criam sites desde as linhas de código, até os layouts visuais. “Basicamente fazemos qualquer coisa que tivermos vontade e ainda deixamos [o projeto] aberto para quem quiser usar alguma coisa”, conta.

A partir dessa experiência, surgiu a vontade de criar um site para reunir zines independentes, aqueles que “quase ninguém” conhece, mas que deveriam ser descobertos por todo mundo. E assim surgiu a Biblioteca de Zines. “Pesquisei por aí e não achei tantas alternativas brasileiras de bibliotecas ou sites para hospedar zines. Algumas das iniciativas que achei eram gringas. Eu já fazia sites com a Luma e hospedava meus próprios zines, então pensei que daria tranquilamente para criar um site para hospedar múltiplos zines em um lugar só, como um acervo digital mesmo”, revela.

Biblioteca Brasileira de Zines

Alguns dos primeiros zines já disponíveis no acervo da biblioteca (Créditos: Divulgação/Biblioteca de Zines)

Então, sim, o projeto é de código aberto. “Qualquer pessoa pode participar e mandar suas ideias de maneira colaborativa. É uma iniciativa composta por voluntários e que tem como um de seus pilares ser completamente gratuita”, garante Luana em entrevista ao Drops.

Quando questionada sobre o futuro, se essa premissa arrisca se tornar inviável tendo um grande número de usuários simultâneos, a artista diz que “se a coisa continuar crescendo, vou pensar em alternativas para quem quiser ajudar financeiramente ter algum jeito de fazer isso”. E emenda com um “caso queiram”, para ficar claro.

Então, Luana garante que sua Biblioteca de Zines jamais cobrará nada dos leitores — tampouco dos autores — para manter o projeto no ar. Nem mesmo cobrando apenas de acessos premium, com conteúdos exclusivos a pagantes, mas mantendo o catálogo principal “na faixa”. Para ela, esses modelos de negócio não apenas não interessam, como não são condizentes com o espírito de um projeto dito indie — um espírito livre.

Poucos dias após ser lançado oficialmente, o site da biblioteca foi amplamente divulgado nas redes sociais — tanto que chegou a mim, autora deste texto, por meio de um post de Madgiel, artista independente que toca seu próprio coletivo, chamado 137 Cultural, e também se envolveu com a Biblioteca de Zines, apostando forte no sucesso do projeto. Magdiel colabora na newsletter, criada no Substack — e você, caro leitor, pode se inscrever agora mesmo para ficar por dentro das novidades que estão por vir.

Se você curte arte independente e sente saudades da cultura “perdida” dos fanzines, a Biblioteca vai ser aquele oásis no seu deserto. E quem não viveu a época de ouro dos zines, no já antigo “mundo offline”, pode descobrir este submundo repleto de gente talentosa, engajada, política, consciente e que tem muito a expressar.

Para encerrar a matéria, fica aqui o recado dado por Luana: “É muito importante consumir arte independente, mídias alternativas, zines e apoiar projetos, principalmente de pessoas do norte e nordeste do Brasil, bem como de mulheres e minorias em geral”.

E por fim, mas não menos importante (ou empolgante), não deixe de assistir à reprise da live que o Drops de Jogos fez sobre o tema nesta semana, trazendo convidados envolvidos com a produção e divulgação de fanzines “desde que era tudo mato”, em um debate riquíssimo que com certeza vai ser um deleite para você, que também se interessa pelo assunto. Afinal, não teria chegado até o final desta matéria se não fosse o caso, certo?

Conversamos com Magdiel, já citado neste texto; também com Bruno Alves, arte-educador, quadrinista independente e professor do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE; e com Eduardo Morpheus Affinito, sócio do Sebo Clepsidra e criador do projeto De Profundis, que, entre outras frentes, produzia um zine homônimo de cultura alternativa entre o final dos anos 1990 e meados dos anos 2000. O papo é imperdível — eu garanto:

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Lorena

Amei! Projeto incrível

Magdiel

EXCELENTE TEXTO!