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Sandro Manfredini tem 40 anos e é o diretor de negócios da empresa gaúcha Aquiris Game Studio. Ele foi um dos premiados no BIG Festival no dia 30 de junho. Seu jogo com sua equipe, Horizon Chase, foi o primeiro brasileiro a receber o troféu de melhor game do terceiro maior evento indie do mundo.
No dia 1º de julho, o BNDES anunciou a aprovação do empréstimo de R$ 1,5 milhão para sua empresa de Porto Alegre. O processo de financiamento, no entanto, é mais complexo do que parece. Sandro então conversou com o Drops de Jogos sobre o programa BNDES Procult, destinado a fomentar o setor de jogos digitais.
Nesta quinta-feira (21), às 14h30, faremos um Drops Debate com o diretor e convidamos todos os leitores do site a participarem com perguntas. O streaming será colocado no final deste texto.
Confira a pré-entrevista.
Como está sendo o programa Procult? Aquiris recebeu já o aporte?
Nossa linha de empréstimo via Procult foi aprovada pelo BNDES na mesma semana do BIG Festival. Atualmente ela está no processo de envio de documentação para então ser assinado, em definitivo. No total, este processo vai completar quase um ano, o que muita gente não sabe.
Acredito, porém, que com todo o aprendizado que o time do Departamento de Cultura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve, o próximo processo vai ser bem mais ágil e rápido do que o nosso.
O Procult pode não atender todos os estúdios, mas é uma nova opção muito bem-vinda ao nosso mercado.
Como vocês encaram o prêmio de primeiro "melhor jogo" entre os brasileiros a ganhar o BIG Festival?
Pra nós é um orgulho imenso. Não necessariamente por ser o primeiro, mas por mostrar, através do Horizon Chase, que os desenvolvedores brasileiros tem trabalho de nível mundial. Importante que se ressalte, de fato, a alta qualidade dos jogos que concorrem no BIG, e a qualidade dos jurados, sendo a maioria deles internacionais. Este ano concorremos com os excelentes Ape Out e Superhot. O vencedor do ano passado foi nada menos do que This War of Mine, considerado um dos melhores jogos de 2015.
Como vocês mensuram o sucesso de Horizon Chase?
Objetivamente, Horizon Chase trouxe o retorno do investimento nos primeiros 10 dias após o lançamento, e, somado a isso, a incrível reputação nacional e internacional que o projeto conquistou.
Mas Horizon Chase tem sido muito mais do que isso pra Aquiris…
Depois de tantos projetos em parceria com outras empresas, havia uma expectativa muito grande, de nós mesmos, de como iríamos performar com total independência criativa, financeira e estratégica. Um desafio e responsabilidade enormes. Todo este contexto pra dizer que o sucesso de Horizon Chase significou muito mais do que números pra gente. Significou um sinal claro de que estamos no caminho certo enquanto estúdio, acumulando experiências que vão nos permitir fazer jogos cada vez melhores.
Como vocês enxergam o mercado de jogos brasileiros em cinco anos?
Enxergamos com muito otimismo porque há muitas áreas evoluindo: desde a formação de profissionais na base da cadeia, passando por eventos com excelentes conteúdos e intercâmbio – como o BIG, missões internacionais, e cases de jogos brasileiros ganhando destaque mundo afora. Além disso, novas fontes de investimento e financiamento já tem surgido para alavancar o desenvolvimento nacional.
Em cinco anos, dá pra esperar transformações mais profundas como a inclusão de games na Lei do Audiovisual e todas suas consequências; revisão da parte tributária; e a consolidação do Brasil como um polo importante no desenvolvimento de games mundial.
Projeções e especulações