Dia desses um amigo do face perguntou como era a produção no tempo dos jogos vendidos em fitas cassete, como eu via o mercado hoje em dia e se sentia saudades.
Naquele tempo (primeira metade dos anos 80), para produzir em quantidade de distribuição (lojas e bancas de jornais) era preciso gravar quantidades significativas de fitas. Só as gravadoras de música tinham equipamentos para isso e um lançamento significava, antes de qualquer coisa, um investimento caro, no escuro e com tudo conspirando contra. Com alguma sorte a gente conseguia atingir as capitais e principais cidades do Brasil, mas eramos malucos o suficiente para tentar.
Hoje em dia tudo é diferente. O dev produz o jogo e coloca numa loja virtual tipo Steam e (teoricamente) o mundo todo está apto a comprá-lo. O investimento para isso é irrisório e em caso de fracasso sobra só a decepção e não uma conta gigantesca para pagar.
Se tenho saudades? Claro que tenho. Tinha pouco mais de 25 anos de idade, comandava a mais importante publicação de informática da época e estava no centro do desenvolvimento de jogos br. Tudo era novidade – não apenas pra mim, mas para todo mundo.
Olhando para o mercado atual a minha constatação é uma só: as mecânicas de venda mudaram muito e tornaram obsoletos os formatos comerciais da década de 80 mas a motivação das pessoas que compram (e fazem a roda girar) permanece a mesma, ou seja, tudo que a gente fazia para levar o consumidor até a loja mais próxima ainda precisa ser feito hoje em dia.
Renato Degiovani é o primeiro game designer de jogos digitais, desde 1981. É colunista do site Drops de Jogos no espaço DEV.LOG, com textos regulares sobre sua experiência de décadas. Foi o desenvolvedor do jogo Amazônia, é conhecido na comunidade nacional do aparelho MSX, editou a revista Micro Sistemas e é responsável pelo espaço TILT Online.
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