Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos.
De 26 até 30 de junho de 2024, SP Expo, espaço de convenções próximo da Rodovia dos Imigrantes, foi tomado pela Gamescom Latam 2024. Numa joint-venture com os criadores do BIG Festival, além do Grupo Omelete da CCXP, a organização trouxe uma marca que toma a cidade de Colônia, na Alemanha, e que é a maior feira de games da Europa.
Por algum período, também foi considerado o maior evento de games do mundo, com cerca de 350 mil visitantes em uma edição, ultrapassando a nossa Brasil Game Show, a BGS.
A versão latino-americana da Gamescom não ficou devendo em dois quesitos essenciais. Trouxe as principais grandes marcas do mercado, como Nintendo, Ubisoft, Warner, de forma organizada e com muitos jogos disponíveis para testar em filas que não cansaram o visitante. E investiu em encontros B2B que envolveram a cena brasileira de jogos indie e representantes internacionais. Sebrae tinha espaço próprio com exibição de jogos nacionais, como Mestres da Pangada, de Pedro Oliveira da HUG-SP, um coletivo de estudantes de games.
A Índia enviou, por exemplo, a empresa WinZO, de aplicativos que envolvem, também, jogos de azar. Havia toda uma diversidade de países presentes na feira para fechar negócios. A engine Godot, que ganhou desenvolvedores com a cobraça por downloads da Unity, trouxe até sua representação na Argentina.
Essas diferentes frentes deixaram o gostinho de BIG no ar. Para jogar títulos brasileiros, incluindo o premiado Momodora, havia o espaço Panorama Brasil, Panorama Consoles, o estande da ABRAGAMES, o espaço Indie aos fundos do evento e outros. Não era difícil também de encontrar um desenvolvedor com jogo no celular para experimentar. Era uma mistura de feira gigante e do BIG Festival na época da estação Vergueiro de metrô.
O pessoal da Salve Games trouxe o trapper DaLua para promover seu game Sonho Trapstar, além de personagens negros como Dandara e Zumbi dos Palmares em Fortnite. Com direito a show no palco. Enquanto isso, a empresária Érika Caramello, da Rede Progressista de Games, a RPG, falou da necessidade de “revolução” da periferia, das mulheres e dos LGBTQIAP+ em palestra com o professor Gilson Schwartz, da ONG Games For Change (e também integrante da RPG como este que vos escreve).
A presença de políticos também marcou a era da aprovação do Marco Legal dos Games, com trabalho da ABRAGAMES nesse processo. A senadora autora do texto revisado do PL 2796, Leila Barros (PDT) foi prestigiada pela associação nacional, enquanto o presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), lançou uma premiação com foco em turismo. Menos paparicado pela entidade, o deputado Kim Kataguiri (União) aproveitou para fazer campanha com seus nomes do MBL. Ele foi o autor do texto original do Marco Legal dos Games – que era fraco e foi totalmente remodelado pelo setor de jogos.
Menos destacado pela ABRAGAMES, mas presente no Instagram deles, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes esteve no evento. E obviamente não falou nada digno de ser lembrado, enquanto gasta cifras bilionárias em obras pouco efetivas para o município mais poderoso da América Latina.
Os 100 mil visitantes da Gamescom Latam, segundo sua organização, “superaram as expectativas” da organização. A questão é que a quantia ainda não chega na metade de uma BGS. No entanto, estar lá foi uma experiência agradável. A feira, como um todo, parecia ser uma versão turbinada do BIG.
Para 2025, a organização quer levar a Gamescom para o Anhembi. O espaço deve ter o dobro de tamanho e ser mais acessível. A ver os próximos capítulos de uma feira que nasceu independente e agora quer ser internacional.
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