O professor Gilson Schwartz, do capítulo da América Latina da ONG americana Games for Change, fechou uma parceria inédita com redes da Argentina. Ele esteve na Gamescom Latam representando a Rede Progressista de Games, a RPG, com a professora Érika Caramello, da Dyxel Gaming. Essa parceria com os argentinos terá participação de Alex Leal, da Lizard Games, do jogo político Capital Fire.
Confira a entrevista exclusiva do Drops de Jogos.
Drops de Jogos: Gilson, é verdade que a Games For Change Latam fechou parcerias na Argentina? Quais foram os termos?
Gilson Schwartz: Além de participar de uma sessão incrível, tive a oportunidade nessa GAMESCOM de avançar em parcerias importantes para o desenvolvimento da Games for Change América Latina. Um ponto alto foi a oportunidade criada pelo Consulado da Argentina, com muita gente, umas 60 pessoas, entre devs e interessados que vieram para o evento.
A Games for Change América Latina está preparando módulos de edugamificação (educação com games transformadores) em parceria com uma rede importante, a Scholas Ocurrentes, que atua em várias frentes de educação popular. É uma rede com apoio do Papa Francisco e presença em quase 5 mil escolas em 70 países.
DJ: Quais parcerias o evento possui atualmente?
GS: Já confirmadas as parcerias para o XII Festival Games for Change América Latina no dia 9 de novembro em São Paulo, mas acontecendo em formato móvel também na Colômbia, no México, em Cuba e conversas na reta final com outras redes no Uruguai, Chile e uma ação alinhada com a Games for Change África. A partir da USP, com apoio do Instituto de Estudos Avançados e de pró-reitorias como Pesquisa e Inovação, Graduação, Cultura e Extensão, Inclusão e Pertencimento, vamos abrir mais uma frente de inclusão e transformação das periferias com a força do game design.
DJ: Teremos a participação do desenvolvedor Alex Leal, de Capital Fire? Como será?
GS: Esse é um dos projetos em fase de aceleração, a partir de agosto vamos abrir comunidades de prática para educadores, ativistas e gestores interessados em crise climática e comunidades vulneráveis. Estamos digitalizando o jogo “Na Trilha do Risco”, que integra a plataforma educacional do CEMADEN, no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O país vive há anos com desastres ambientais e o CEMADEN acredita em metodologias inovadoras para preparar melhor as comunidades para a crise climática. O Alex Leal é o dev que a Games for Change América Latina convidou para integrar o time. A partir de agosto vamos abrir o pipeline para testers.
DJ: O projeto terá parcerias com a USP Leste e Oeste, auxiliando educação popular nas favelas?
GS: Desde o surgimento do metaverso, depois com inteligência artificial e muita inovação em blockchain, as áreas de tecnologia da USP, especialmente nosso corpo docente e discente, discute como gerar impacto com games e internet avançada. Nos últimos meses, esse movimento ganhou corpo com a proposta de um novo grupo no Instituto de Estudos Avançados, para criar a rede UAIFAI – Universos Abertos à Imaginação, à Fantasia e às Artes da Invenção.
A proposta que estamos levando a agências de financiamento e parceiros no setor privado e no terceiro setor é usar essa rede para impulsionar projetos, cursos e eventos com foco em inclusão social sustentável, diversidade e ODS. O impulso vem da gamificação por meio de redes já existentes e também criando novas redes de impacto social, ambiental e econômico relevantes.
Após a pandemia começou uma transformação política importante, com programas federais novos, inovações em leis de incentivo na área da Cultura (da Lei Paulo Gustavo a novas modalidades de financiamento no BNDES). Também as agências de fomento a pesquisa estaduais ganharam força. Audiovisual hoje inclui games. Inteligência artificial, blockchain, NFTs e internet das coisas ainda estão na sua infância.
Como a Games for Change tem uma integração forte com as universidades, estamos co-criando modelos de educação, profissionalização e empreendedorismo de alto impacto social e ambiental. A prioridade está no enfrentamento da crise climática e da transformação digital entre os setores mais vulneráveis em termos de renda, território e promoção da diversidade.
DJ: Quais outros governos e entidades a G4C está mirando?
GS: A novidade está na criação de um novo modelo de governança, mais descentralizado em cada região. Na América Latina, definitivamente saímos do modelo “grande evento anual” para uma atitude mais móvel, flexível e com iniciativas ao longo do ano (até para gerar menor pegada de carbono, mas também para fazer com que a rede seja de fato rede, muito para muitos, muitas vozes e não capturade massas para processos ainda mais poluentes, concentradores de renda, conhecimento e marcas. Para nós, gamificação é sinônimo de democratização radical.
DJ: Tem algo para acrescentar e eu não perguntei?
GS: A partir de agosto, além da abertura da etapa de playtestes do jogo Na Trilha do Risco (Digital), vamos abrir inscrições para a plataforma “Quilombo Inteligente” (parceria com a Agence Universitaire de la Francophonie e o Instituto de Estudos Avançados da USP) e para a game jam “Crise Climática, Saberes Ancestrais e Games Sustentáveis”, parceria com a Latam Gamejam, a Scholas Ocurrentes, a AUF e a Games for Change Africa.
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