Trata-se de um shoot'em up, um games brasileiro de tirinho com naves a la Space Invaders (1978) com ares retrô. Mas o título traz como aspecto original a composição de cenários mais artísticos, misturando figuras geométricas, robôs gigantes, olhos, máscaras e outros elementos de composição.
Diferente de muitos desenvolvedores solo, Leonardo publicou um texto sobre a experiência de desenvolver In Extremis na plataforma Medium chamado "Death, and Death of Indie Games". Fez um único texto e não uma série deles na criação do game. E o seu relato pessoal é revelador.
Gamer desde os cinco anos, Leonardo Ferreira conta que enfrentava o fim da faculdade e problemas pessoais para finalizar o projeto, numa obsessão de fazer o melhor produto. Lançado o jogo, nenhuma nota na imprensa divulgou seu projeto, que mistura um conceito retrô e uma visão artística pessoal, com ambientes coloridos e chamativos.
"O jogo vendeu horrivelmente, mal apareceu na mídia, não apareceu em festivais e você provavelmente nunca soube que existiu", frisou. Mas ele cita boas inspirações que surgiram na confeccção do jogo, como Cave Story (2004) e Passage (2007), sendo que o último título é sobre vida cotidiana e mostra a evolução do protagonista no âmbito familiar e pessoal.
Leonardo teve que lidar com a depressão do game não ser o sucesso que ele esperava, fora as expectativas criadas por cursos de jogos no Brasil. E chegou num ponto interessante referente ao seu próprio game.
O Brasil experienciou, entre 2009 e 2016, a maior expansão de jogos independentes nacionais desde o começo desta indústria em 1981. Toren, Horizon Chase, Chroma Squad, Odallus e muitos títulos mostraram talentos nossos dentro e fora do país. Mas a onda não é a mesma para pequenos desenvolvedores.
Leonardo Ferreira desenvolve este raciocínio para falar de si: "'Indiepocalypse', ou ' bolha indie', foram termos que ganharam popularidade no ano passado. Isso se refere a uma aparente saturação do mercado, devido à flexibilização das barreiras de entrada. No entanto, é uma catástrofe muito inflacionada. A principal narrativa indie durante todos esses anos, a do sucesso comercial, por definição excluiu todas aquelas que não lhe correspondiam. Sejam as pessoas que continuaram fazendo coisas livres, estranhas, ou as que fizeram notáveis jogos poderosos e interessantes, mas tiveram azar e perderam sua chance nos holofotes. As coisas sempre foram difíceis, agora eles ficaram ainda mais difíceis".
E ele arremata abordando que o indie "está morto" por cair em imposições da velha indústria dos jogos, o que é um raciocínio coerente com o atual posicionamento dos gigantes Sony, Microsoft e Nintendo de abraçar games de novas empresas, padronizando-os.
In Extremis acaba sendo muito mais do que um jogo retrô bonito, mas é a história de um desenvolvedor brasileiro que não recebeu a devida atenção e que agora merece a sua compra no Steam, seja pelo seu trabalho e pelas reflexões que nele foram realizadas.
E falta à imprensa brasileira cobrir sua produção nacional de maneira satisfatória, a menos que a gente queira, realmente, enterrar os indies de vez.
Acompanhe Drops de Jogos no Facebook e no Twitter.
Clique aqui e assine nosso canal no YouTube
Kojimão gostou de Coringa 2 do Todd Phillips
Um dos caras que fundou o metal
Dark Side of the Moon
Wolverine detona o Deadpool
Em debate no Conselho de Comunicação Social, convidados defenderam a soberania do país na regulação…
Proposta é inspirada em iniciativa de Mato Grosso, onde sistema é integrado diretamente a órgãos…