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“Nosso jogo não teve recepção ruim por abarcar transsexuais”, dizem criadores de Massive Madness

A primeira versão do jogo surgiu em 2009, numa versão de tiro estática que foi apresentada em São Paulo. Desde então, depois de muitos protótipos abandonados, eles preparam a versão definitiva prevista para sair em 2016. No BIG, o game concorreu a R$ 20 mil de premiação.

Rafaella e Dinart gravaram uma entrevista com o autor deste texto enquanto estávamos numa confraternização a luz de velas, com a falta de energia, naquela noite de 3 de julho. Falamos, principalmente, sobre a recepção do jogo que trata sobre um assunto muito importante para o debate de minorias: A representação dos transgêneros nos videogames. Confira a nossa conversa.

Drops de Jogos: Como está sendo a repercussão do jogo? Tanto a boa quanto a ruim, principalmente de quem tem preconceito com trans.

Rafaella Ryon: Surpreendentemente, a recepção não tem sido ruim. Quase nada de comentários realmente negativos. Lembro de uma coisa ou outra, de gente que já pensa assim. Mas a maioria recebeu bem. 

Dinart Filho: Fomos criticados quanto à mecânica do jogo. Não foram exatamente reclamações, pois, como o jogo está em fase alfa, é normal que existam questionamentos sobre um game que não tem tudo implementado ainda. Pessoal fala que está faltando um vendedor de itens dentro do jogo. É um feedback, mas não é negativo.

DJ: Os jogadores não estranham os personagens?

Dinart: O pessoal acha engraçado serem dois transsexuais e uma caveira como personagens. A recepção está melhor do que a gente pensava. Achamos que teria muita rejeição, com pessoas xingando por puro preconceito ou homofobia. Mas não tivemos nada disso.

DJ: Vocês pretendem fazer mais jogos nesta linha? Para abarcar minorias?

Rafaella: O Massive Madness na verdade é um universo próprio. Ele é, na verdade, o nosso quarto jogo. Só que a gente não finalizou os outros três. Eles foram projetos inacabados e este é um que estamos finalizando. Todos eles meio que giram em torno dos mesmos personagens. 

Dinart: Teve outro jogo de game jam que participamos criando um personagem andrógino, sem sexo definido. 

Rafaella: Essas ideias vão surgindo naturalmente. A gente não se planeja e nem pensa direito em como faremos os personagens. Eles simplesmente surgem.

DJ: Vocês pensam em algo por fora do padrão do mercado ao falar de sexualidade?

Rafaella: Na verdade essas ideias surgem sem muita previsão. É um pensamento orgânico. 

DJ: De quem foi a ideia de inserir personagens trans?

Dinart: A gente não consegue lembrar, na verdade.

Rafaella: E eram ideias antigas, antes mesmo da gente decidir fazer este game.

Dinart: Pensamos neles em 2010, acho. 

DJ: Vocês não acham que as pessoas não tem reação negativa aos trans do jogo porque não havia algo assim antes?

Rafaella: Acho que sim. Mas, além disso tudo, é um jogo divertido de combate. Por isso elas gostam, talvez.

Confira o vídeo de divulgação abaixo.

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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