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Opinião: O fracasso de crítica de Mighty No. 9 e o Kickstarter em xeque

Pensado por Keiji Inafune, ex-Capcom desde o final dos anos 80, integrante do time de Mega Man e afastado em 2010, o projeto Mighty No. 9 tinha tudo para dar certo. Elaborado como um financiamento coletivo em agosto de 2013, o projeto foi financiado em apenas dois dias, em 2 de setembro. Acumulou no site Kickstarter US$ 3,8 milhões, sendo que os criadores tinham pedido apenas US$ 900 mil.

O jogo foi confirmado para Windows, Mac OS, Linux, PS4, Xbox One, Wii U, Xbox 360, PlayStation 3, além de PS Vita e Nintendo 3DS. O título estava previsto originalmente para abril de 2015.

Mighty No. 9 só chegou em junho de 2016, mais de um ano depois, com desenvolvimento da Comcept e Inti Creates. A primeira empresa ainda pediu mais US$ 200 em financiamento coletivo para um DLC e estava criando outro game, chamado Red Ash: The Indelible Legend, também de Inafune.

Toda essa zona de crowdfunding resultou num jogo medíocre em 2D com gráficos 3D e uma inspiração fraca em Mega Man. Mighty No. 9 teve explosões batizadas de "pizzas" devido ao seu desenvolvimento rudimentar no cenário

No Metacritic, site que reúne as críticas em inglês da internet, o jogo tem nota 57/100 dos sites e 4,3/10 dos usuários. USGamer diz que o game tem falta de criatividade, enquanto Windows Central diz que o título não é nada divertido. A revista EGM dá um review mais positivo, afirmando que existem algumas diferenças entre Mighty No. 9 e Mega Man, enquanto a página Gamespot diz que o jogo é inofensivo.

O fracasso de crítica do projeto de Inafune levanta desconfiança de outras iniciativas bem-sucedidas a caminho. A saber: Broken Age, Wasteland 2 e Bloodstained, dos desenvolvedores de Castlevania. Afinal de contas, foram milhões investidos sem o retorno esperado.

Sob pressão pública, Keiji Inafune disse que o jogo é "melhor que nada".

Segundo uma agência de análise de mercado ICO Partners, especializada em jogos online na Europa, as campanhas de games no Kickstarter acumularam US$ 8,2 milhões nos seis primeiros meses deste ano. Isso é menos que a metade do valor obtido nos dois semestre de 2015, girando em torno de US$ 20 milhões.

Coincidência? Aparentemente não. O fracasso de Mighty No. 9 pode estar levantando suspeitas entre fãs que poderiam financiar projetos inéditos nos games. E isso é fruto de uma crise de confiança. Um projeto que arrecada milhões, tem um nome atrelado a um clássico e não respeita prazos de entrega gera problemas para a indústria.

A ética dos independentes precisa ser tão rigorosa quanto as grandes produções.

Leia também: Frase de Keiji Inafune sobre Mighty No. 9 foi traduzida de maneira errada

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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