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Opinião: Por que Shiny foi o jogo brasileiro de 2016 para mim?

Daniel Monastero é o nome que dá alma a Shiny. Ex-policial militar e ex-agente do Ministério Público, Daniel deu uma entrevista exclusiva para a Vice falando da sua história, que ele preferiu deixar privada até aquele momento. Foi com a publicação desta informação que as duas pontas se juntaram: A história da intimidade do desenvolvedor e a premissa do game.

Quando este tipo de coisa acontece, a magia e o sentido de criar jogos digitais surge.

Ele viu muita violência enquanto trabalhou nas ruas e resolveu espelhar um mundo diferente em seu game. Idealista, Daniel Monastero criou um game que combina contrastes de uma maneira diferenciada.

Design "adulto" da Unreal Engine com premissa esperançosa

O mundo de Shiny, embora o nome seja a palavra "brilho" do inglês, é noturno, obscuro e lembra filmes pós-apocalípticos. Parecido com o longa-metragem da Pixar, Wall-E, você lida com robôs que parecem sucatas e percorre muitos ambientes difíceis de serem enxergados.

Muito da estética do game deriva do motor gráfico Unreal, que é usada em games como BioShock, Unreal Tournament e até Deux Ex. Não são jogos exatamente "pacifistas" e possuem uma violência que não está presente no jogo brasileiro desenhado na Praça da República, em São Paulo.

Não há ninguém para "matar"

Está esperando derrotar inimigos? Esqueça. Nem pulando neles, ou usando armas ou quaisquer recursos. O jogo é simples: Siga em frente e percorra os cenários.

O desafio é a bateria do seu robô e a sua habilidade de ajudar outros robôs quebrados. "Sem violência" é o principal mote do game. O desafio mortífero dá espaço para a solidariedade.

E o sacrifício é outro princípio que norteia o game.

Robôs são mais humanos que os homens?

Como fã de ficção científica e de Asimov, eu gostei muito de Shiny. É um jogo que me afeta pessoalmente inclusive na trilha sonora que não poupa piano e melodias envolventes. O projeto do time do estúdio Garage 227 extrapola a história pessoal de Daniel Monastero com um trabalho caprichado de Rafael Medeiros Lima, que dá cursos sobre como "passar sensações através de games".

Robôs são mais humanos do que os homens? Não faço ideia. Mas o universo de Shiny nos dá a perspectiva de que eles podem ser.

E eles podem nos ensinar muito sobre como resgatar a nossa própria sensibilidade.

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Pedro Zambarda

É jornalista, escritor e comunicador. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e em Filosofia pela FFLCH-USP. É editor-chefe do Drops de Jogos e editor do projeto Geração Gamer. Escreve sobre games, tecnologia, política, negócios, economia e sociedade. Email: dropsdejogos@gmail.com ou pedrozambarda@gmail.com.

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