Para quem não lembra, Caio foi um dos criadores de Soul Gambler, um jogo inspirado na história de Fausto, e Face It, sobre conflitos internos e psicologia. Passou pela Mgaia, de 2008 até 2013, e pelo Tlön Studios, a partir de 2014. Agora ele quer refazer tudo.
Caio e eu conversamos, sobretudo, sobre a efetividade da relação entre desenvolvedores de games e imprensa, além de todos os problemas que surgem no meio do caminho. Textos errados que são publicados e mesmo o papel chato que o jornalismo deve exercer, de incomodar e não necessariamente fazer publicidade.
O grande problema é que existe, ainda, uma demanda por parte dos desenvolvedores para aparecer na imprensa e nos eventos. Mesmo com o boom de desenvolvimento que o Brasil vive, muitos jogos ainda morrem na praia. Diariamente, o Drops de Jogos recebe pelo menos 20 emails por dia relacionados com jogos nacionais ou eventos do setor.
E eles se misturam, obviamente, com material internacional que também cobrimos para o site se tornar atraente além do nicho.
A vantagem é que boa parte dos serviços de relações públicas no mercado de games, hoje, não se focam apenas na divulgação em língua portuguesa. Há sites como o Manati Games, feito por brasileiros em inglês, e há páginas internacionais como o Gamasutra recebendo materiais dos nossos desenvolvedores.
Sites como Rock Paper and Shotgun e PC Gamer também resenham jogos nacionais.
Há um amplo espaço de divulgação dos desenvolvedores brasileiros.
E o que falta?
"Relacionamento com essa imprensa", disse para Caio em nosso longo papo. Não se trata de virar amigo do jornalista, mas de manter um diálogo com o profissional que vai além do lançamento do título ou da campanha de crowdfunding para finalizar o projeto.
O próprio Caio, sabendo da importância do relacionamento dos jornalistas com os devs, criou o projeto GameStorming dentro da Gaia como um site para desenvolvedores. A página chegou a ser divulgada pelo site da extinta revista INFO da Editora Abril e teve, entre seus quadros, Kao Tokio, um dos fundadores do Drops de Jogos. Era destinada a ser uma página de desenvolvedor para desenvolvedor.
Diálogo próximo é necessário dentro de um mercado carente de divulgação e que, ao mesmo tempo, possui histórias impressionantes e interessantes de empreendedorismo e desenvolvimento tecnológico.
O Brasil é um mercado tão promissor que, dois anos após o lançamento do Oculus Rift, já tínhamos brasileiros desenvolvendo em VR e, em pouquíssimo tempo, criamos arcades de realidade virtual para um público até então não incluído na cena.
Motores de desenvolvimento, que custavam milhares de reais no começo dos anos 2000, hoje são acessados de forma gratuita pelos desenvolvedores.
Em maratonas internacionais de desenvolvimento, como a Global Game Jam que ocorre anualmente, somos destaque.
O relacionamento com a mídia então precisa se aprofundar para gerar frutos mais interessantes para os dois lados.
Para que desenvolvedores vendam produtos e para que jornalistas contem boas histórias de uma cena pulsante, instigante.
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