A long time ago…
Foi mais ou menos por esses dias de agosto que, em 1982, iniciei o projeto de criar um sistema de desenvolvimento de adventures, para micros compatíveis com o ZX81. Três coisas foram estabelecidas naquele momento: seria um adventure em língua portuguesa, seria um tema brasileiro e seria um produto para ser vendido em bancas de jornais. E tudo isso tinha que rodar num computador com 16 Kbytes de ram. Nascia o Aventuras na Selva.
Dois anos depois, com micros ostentando a exorbitante quantidade de 48 Kbytes de ram, a narrativa que já havia feito sucesso nas páginas da revista Micro Sistemas ficou maior, mais intrincada, mais sofisticada, além de ganhar o nome de Amazônia. Ao longo dos anos, das décadas, a aventura original foi portada para os novos modelos de computadores que apareceram e desapareceram do cenário pessoal.
Agora, 35 anos depois, está começando (ou recomeçando) uma releitura de todo o projeto Amazônia, principalmente das partes e ideias que não foram viabilizadas antes, como a multiplicidade de enredos dentro de um mesmo cenário e anotações de jogadores.
Quem conheceu o jogo e achava que um dia haveria uma versão 3D em realidade virtual, sinto dizer que não é desta vez ainda. O Amazônia vai na direção da sua natureza inicial: a narrativa interativa como base de uma narrativa emergente que não fica estaticamente presa a opções pré definidas. Como? Só vendo para entender.
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Cadê o link pra fazer download???
Não tem download, aviso de atualização, beta 1, 2, 3… porque tudo acontece em realtime, online e fly by. Erros, acertos, bugs, modificações, correções, etc. No limite, o jogador passa por um local e se ele for editado, quando passar de novo já será tudo diferente.
A base disso é o processamento remoto, ou seja, no seu micro, tablet, celular, etc não roda nada, não instala nada, nem tem nada que fique para trás, a não ser o cache do navegador. Até seus dados da partida (objetos que tem, onde você está, etc) ficam no servidor central.
Tá jogando em casa, no micro e vai pro trabalho? Blza, roda no celular enquanto o buzão ou Uber não chega. Chegou no trampo e vai dar aquela pausa esperta? Roda no tablet. Continua sempre de onde parou, mas (sempre tem um mas) pra isso precisa ter um IDX fixo.
Mas então não está pronto?
Nunca vai estar 100% pronto porque a narrativa embutida vai crescendo aos poucos. Nesse momento apenas o núcleo do acidente está redondo e já pode ser acessado. Todo dia ele cresce um pouco mais. Pra quem curte criação de jogos é o ponto ideal para acompanhar e palpitar no andamento da coisa toda.
É por isso que não coloquei o link em destaque no horário nobre da rede Globo. Pra evitar nesse começo que um incauto caia de paraquedas e não entenda o que está rolando.
Mas poxa, se você é aventureiro mesmo vai sacar logo onde a aventura está escondida.
Renato Degiovani é o primeiro game designer de jogos digitais, desde 1981. É colunista do site Drops de Jogos no espaço DEV.LOG, com textos regulares sobre sua experiência de décadas. Foi o desenvolvedor do jogo Amazônia, é conhecido na comunidade nacional do aparelho MSX, editou a revista Micro Sistemas e é responsável pelo espaço TILT Online.
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