Por Pedro Zambarda, editor-chefe do Drops de Jogos e um dos fundadores da Rede Progressista de Games, a RPG.
O jornal O Globo publica em seu caderno de política nesta segunda (12) a reportagem “Falas e promessas não cumpridas colocam Lula na mira dos ‘gamers’, setor dominado pelo bolsonarismo“. Este que vos escreve é uma das pessoas entrevistadas pela publicação. Há aspectos positivos e alguns complicados sobre o texto publicado.
No título, há uma associação direta do setor de videogames brasileiro com o bolsonarismo e a extrema direita. A associação em parte é verdadeira, mas o autor não explica que os discursos de ódio existentes em comunidades virtuais também partem de grupos gamers, tanto de determinados games quanto do aplicativo Discord, além de outros programas utilizados pelo setor.
O Globo reduz a simpatia de Bolsonaro pelo setor de games em quatro reduções de impostos que tiveram efeito inócuo no mercado, devido à situação econômica brasileira e a alta do câmbio.
O texto também não menciona em nenhum momento que foi a Rede Progressista de Games, parceira do Drops de Jogos, a real autora da cartilha Lula Play, chamada de “contra-ataque do setor”.
Três pessoas são entrevistadas pelo jornal: O deputado Kim Kataguiri (União Brasil/SP), o desenvolvedor e presidente da RING, associação regional de desenvolvedores de jogos do Rio de Janeiro, Márcio Filho, e Pedro Zambarda, da RPG.
O Globo coloca corretamente que a cartilha Lula Play, após a campanha de 2022, transformou-se em uma pauta inter-ministerial e cobra as pastas do governo Lula 3 quanto às realizações. O jornal, no entanto, faz uma pequena confusão sobre o Marco Legal dos Games.
Ele diz corretamente que o Marco Legal englobou parte das propostas da cartilha e aponta Kim Kataguiri com um dos possíveis beneficiados caso a proposta seja sancionada por Lula, mas não explica que ocorreu uma tentativa de infiltração do setor das apostas esportivas no PL 2796. Nem o setor de bets ou os fantasy games são citados pelo Globo.
E não foi explicado o que foi colocado em entrevista ao repórter: Que foi uma articulação da Rede Progressista de Games, da RING e de associações regionais que corrigiu a tramitação do Marco Legal dos Games. O trabalho de Kim Kataguiri não foi ativo nessa parte, o que poderia ter resultado em um projeto aprovado desastroso para o setor.
Jornal também não mencionou o evento de fundação da RPG, que contou com participação do ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania, e do BNDES, presidido por Aloizio Mercadante. Além dos encontros do grupo no próprio Ministério da Cultura, da Indústria e outros setores do governo federal, arquivados neste Drops de Jogos.
O Ministério da Indústria de Geraldo Alckmin não respondeu ao jornal. O Ministério da Cultura de Margareth Menezes e da Ciência e Tecnologia, de Luciana Santos, anunciaram dois projetos ao Globo importantes para o setor, que não ficam restritos à inserção de games na Lei Paulo Gustavo, para atender empresas afetadas pela pandemia.