Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
Desde o dia 27 de março de 2024, quando publicamos a reportagem “Desenvolvedores do jogo brasileiro Ruff Ghanor enfrentam atrasos em pagamentos”, o Drops de Jogos recebeu inúmeras novas denúncias envolvendo a DX Gamerworks. E fizemos um levantamento junto aos tribunais brasileiros.
Os fundadores do site Jovem Nerd, ligados à Magazine Luiza, a Magalu, negam envolvimento com as atividades da DX no desenvolvimento de Ruff Ghanor. A parceria envolve a propriedade intelectual apenas.
Em consulta nos TRTs de Manaus e São Paulo, além do TJSP, a DX Gameworks Jogos Eletronicos LTDA soma mais de uma dezena de processos. A maioria das causas envolvem pagamentos: São dividas por verbas rescisórias, multa do FGTS, entre outras razões.
Todos os processos estão em primeira instância, cabendo recursos das partes envolvidas.
Algumas fontes encaminharam detalhes das ações que ocorrem em segredo de Justiça. “A postura dos representantes da DX traz problemas gigantescos com o Jovem Nerd e a Magalu”. Ele prossegue: “Em conversa extrajudicial, eles deram a entender que premeditaram suas ações, escondendo fatos importantes dos desenvolvedores. A frieza com que prejudicou os estúdios indies também não tem precedente”.
Há estúdios de games independentes que afirmam que entraram em processo de falência após o não pagamento, pois dependiam da verba.
Outra fonte próxima do assunto explica a situação do ponto de vista dos trabalhadores: “Havia uma pressão na diretoria e na coordenação, afetando outros níveis na empresa”.
“E ninguém sabia direito o que estava acontecendo”.
O JN foi consultado novamente pelo Drops de Jogos. Eles reforçaram o posicionamento que deram em março de 2024.
O Jovem Nerd tem mais de 20 anos de história e sempre trabalhou com as melhores práticas em relação à produção de conteúdo, sejam eles podcasts, jogos dos mais diversos tipos e notícias sobre o mundo geek e nerd. Não à toa, criou uma comunidade de milhões de fãs em torno do universo criado pelos fundadores. Em relação ao jogo Ruff Ghanor, esses princípios não mudaram e, por isso, o Jovem Nerd esclarece que cumpriu integralmente o acordado em relação à sua marca no contrato firmado entre a Magalu Games e DX Gameworks para a produção do game.
O Drops de Jogos teve acesso a uma reunião interna da DX Gameworks que ocorreu em julho de 2023 utilizando a plataforma Discord. Foi uma conversa de 30 minutos e 18 segundos envolvendo os funcionários da DX e a direção, cerca de 100 colaboradores presentes.
Para proteger a identidade das pessoas nessa reunião que pode ser exposta indevidamente, o DJ optou por apenas descrever o evento. Mas temos uma cópia da gravação.
O CEO da DX, Andre Freitas, permanece em silêncio na maior parte da transmissão interna, que relata as dificuldades no pagamento dos funcionários e na captação de investimentos. Quando Freitas toma a palavra, seu comentário é revelador.
Aos 20 minutos da gravação, ele diz: “Queria endereçar a todo mundo que é um momento muito triste pra gente. A gente tentou mais do que deveríamos até. Tentamos viabilizar todos os projetos, viabilizar tudo”.
“A gente errou bastante. O mercado está muito difícil, não facilitou a nossa vida. Essa é a forma da gente tentar continuar cumprindo com o que a gente tem acordado com vocês a partir de agora”.
“Tentar fazer com que a empresa funcione na frente. Fazer com que a gente contrate vocês adiante no futuro. Vale para quem for sair. Para poder ter um projeto bacana para trabalhar e uma estabilidade maior do que a gente está conseguindo prover”.
“Faço aqui a minha culpa [o mea culpa]. Peço desculpas a todo mundo que a gente não conseguiu executar. A gente tentou para caramba. A gente colocou muita coisa em risco. A gente endividou a empresa. A gente fez de tudo para sair do outro lado. Por uma série de razões, a gente não conseguiu”.
“O recado importante é que a gente vai continuar tentando. É uma forma de continuar tentando crescer e, lá na frente, trazer mais projetos. Crescer o departamento de porting, crescer o departamento de jogos, de publishing. E eventualmente voltar a ser o que a gente sempre quis ser”.
“Nesse momento a decisão é essa, correta, de parar tudo o que a gente está fazendo, fazer uma coisa sensata. Que a gente tenha controle absoluto. Porque a gente nunca teve controle absoluto sobre a empresa. Dessa forma a gente vai ter controle absoluto. E, mais importante: Tudo o que a gente está gastando tem uma fonte de receita atrelada. Isso é uma coisa que a gente nunca praticou e agora a gente não tem muita opção. É isso. Estamos super abertos a conversar”.
Em junho de 2023, a assessoria da DX Gameworks procurou o Drops de Jogos para um “encontro de relacionamento”. A comunicação da empresa afirmava o seguinte:
Com dois anos de vida, [a DX] já reúne em seu ecossistema 14 estúdios e mais de 150 funcionários, rodando mais de 24 projetos simultaneamente. Enquanto a América Latina tem 17% dos usuários de jogos mundialmente, menos de 1% dos games são produzidos aqui, segundo a consultoria Newzoo.
É nesse sentido que a DX Gameworks existe, investindo em talentos e absorvendo estúdios em seu ecossistema para dar apoio, seja criativo ou financeiro.
O plano é chegar a lançar 150 jogos por ano, com qualidade, para multi consoles. Nos próximos meses, a previsão é lançar 13 jogos, sem perder a essência e a qualidade. O modelo de negócios da DX foi apoiado pela Microsoft e, recentemente, teve uma rodada Seed com apoio da Bertha Capital e Multilaser, de R$ 10 milhões.
Por motivos pessoais, eu, Pedro Zambarda, só respondi a mensagem em agosto do ano passado. A mesma assessoria afirmou naquele mês que deixou de atender a DX. Nos meses seguintes, funcionários e ex-funcionários reclamaram dos parcelamentos em até 10 vezes dos pagamentos não feitos e atrasados.
O Drops de Jogos buscou o CEO Andre Freitas com as seguintes perguntas:
É verdade que o senhor afirmou em reunião interna na DX de que “a gente tentou mais do que deveríamos” e que “a genteerrou bastante” na questão dos pagamentos de funcionários?
Há empresas que se queixam de falta de pagamentos. Havia um problema no modelo de negócio da DX Gameworks, com perspectivas de investimento internacional, e a situação real do mercado de games brasileiro?
Como está o relacionamento da DX Gameworks hoje em dia com a Magalu e o Jovem Nerd?
Tem algo que eu não perguntei e que você gostaria de acrescentar?
O espaço está aberto para manifestação do CEO e da DX Gameworks.
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Repetindo meu comentario do video:
PS. O Hype dos problemas da DX ganhou folego atraves do jogo RUFF, mas o RUFF é um dos mais de 16 jogos que a DX estava "FINANCIANDO" o desenvolvimento e publicação. É nesta efera que entra o que voce falou sobre Studios que fecharam as portas. Doublehit Games desenvolvedora do jogo Eternal Hope, Melhor Indie BR avaliado pela IGN em 2019. A Bad Minions um studio incrivel que alem de jogos de IP Propria, trabalhava em Portings para XBOX e Nintendo switch, e sabe deus quantos mais outros.
Alem do time do RUFFS, onde e como estao todos estes times dos diversos studios responsaveis por estes projetos que ninguem esta citando?
Deixo aqui meu pedido. Seria incrivel ouvir um pouco sobre estes studios e jogos que a DX simplesmente escondeu de baixo do tapete! KD os Jogos? Kd os Studios? Kd os Times?
Além dos desenvolvedores não receberem, os investidores também estão sentindo a inadimplência da captação de investimentos que eles fizeram pela Hurst Capital, com início da operação em 03/2023, e valor de R$ 464.225,00
Eu cheguei aqui após procurar processos judiciais sobre a DX Gameworks devido a uma captação de investimentos que eles fizeram pela Hurst Capital, com início da operação em 03/2023. Eu sou um dos investidores nessa captação da DX e até hoje está inadimplente. A questão que fica é o que eles fizeram com o valor captado de R$ 464.225,000!