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Solução econômica para Amazônia está na Indústria de Entretenimento Audiovisual. Por Olímpio Neto

Por Olímpio Neto é CEO da PetitFabrik, estúdio Amazonense de tecnologia e entretenimento audiovisual.

Depois de quase duas décadas de atuação na indústria de tecnologia e entretenimento audiovisual, já está claro para mim o que ainda precisa ser entendido pelo governo e investidores: será a Indústria Criativa a responsável pelo desenvolvimento econômico na Amazônia, sem que seja necessário derrubar nenhuma árvore.

Vamos aos dados: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do IBGE mostra que o setor registrou, em 2023, 287 mil novos postos de trabalho no país ligados à moda, atividades artesanais, indústria editorial, produção audiovisual, música e  desenvolvimento de software, jogos digitais e serviços de tecnologia.

Segundo a mesma pesquisa, a média da remuneração desses trabalhadores foi de R$ 4,5 mil, acima da média nacional que foi de R$ 3 mil. Isso representa 18% a mais do que esses profissionais receberam em 2022. E são aqueles que exercem atividades relacionadas à criatividade tecnológica estão no topo da pirâmide salarial da Indústria Criativa. Em outra pesquisa, feita pela The Game Brasil no mesmo ano, aferiu-se que desenvolver jogos no país gerou uma receita de US$ 250 milhões.

Outro dado é da Newzoo, empresa líder global que monitora o segmento de jogos digitais, que identificou que em 2025 o segmento movimentará US$ 3,5 bi no Brasil, um país que é um dos principais consumidores de games do mundo, com cerca de 89 milhões de usuários. Em 2025 sediaremos a COP 30, e é imprescindível que se discuta que na região sede do encontro, que tem 28 milhões de habitantes, exista apenas 22 estúdios que desenvolvem jogos e animações. Entre eles está a PetitFabrik, fundada e dirijida por mim, sediada bem no meio da Floresta Amazônica, em Manaus.

Fazer um jogo é um trabalho multidisciplinar, e depende de músico, roteirista, desenvolvedor de software, modelador, ilustrador, entre tantos outros especialistas. Mas a formação profissional do Amazonense está muito voltada para o distrito industrial, para a cadeia do Açaí, ou do Tucumã. Crescer no Amazonas e vislumbrar um futuro empreendedor no mercado de games é, ainda hoje, algo que parece inalcançável. É preciso mostrar para essas pessoas que esse mercado existe e seu potencial.

Foi preciso nos especializarmos em encontrar e conectar esses talentos para que eles pudessem crescer e levar a PetitFabrik junto. Com a globalização esses profissionais podem seguir suas vidas aqui, e receber seus salários em dólar. Se forem para os mercados tradicionais da região, pode ser que em algum momento, depois de construírem suas carreiras, alcancem um salário de R$ 7mil. Mas aí eles mudariam as realidades apenas de suas casas. Se esses 7 mil forem em moeda norte-americana, podem mudar a realidade das suas comunidades.

Criar mais editais para desenvolvimento de projetos, investir na qualificação de jovens e adultos para atuarem no setor, torná-lo mais atraente para investidores internacionais. Todas essas soluções podem ser discutidas durante a COP 30, com chamamento dos envolvidos no setor para a conversa junto aos líderes globais, de forma a, além de apresentar o potencial, mostrar realizações do Brasil em uma indústria que tem – de sobra – potencial econômico para desenvolver a região amazônica brasileira sem desmatar.

Olímpio Neto. Foto: Divulgação/Montagem Pedro Zambarda/Drops de Jogos

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