Storia Brasil: Conheça Ana Ribeiro, a primeira mulher a falar de games num TED brasileiro

Publicado originalmente no Storia Brasil em 2017.

Foto: Claudio Rossi/BIG Festival 2018/Divulgação

Desenvolvedora do game Pixel Ripped fala de sua trajetória que a ensina. Ela largou um empresa de funcionária pública seguro para empreender em jogos digitais e realidade virtual.

O TED (acrônimo para Technology, Entertainment, Design) é uma organização de mídia americana e canadense que promove palestras globalmente com porta-vozes para empoderar, discutir ideias e transmitir experiências de vida. O grupo já promoveu Jimmy Whales, o criador da Wikipedia, e diversas personalidades da política e da imprensa, como Bill Clinton, Jane Goodall, Al Gore, Gordon Brown, David Cameron, Billy Graham, Richard Dawkins, Bill Gates, Dolph Lundgren, Bono, além dos fundadores do Google Larry Page e Sergey Brin.

Ana Ribeiro tem 33 anos e nasceu em São Luís, no estado do Maranhão.  Ela foi convidada para palestrar no TEDxSP na Sala São Paulo no dia 6 de novembro. Os temas das palestras estavam em volta do conceito de "Pontes" e traziam palestrantes majoritariamente femininas para o evento internacional. Ana, de maneira pioneira, foi a primeira mulher a falar de videogames brasileiros num TED.

Ela falou ao lado de produtoras de conteúdo como a gestora de eventos negra Adriana Barbosa, a jornalista Camila Coytacaz (que falou do livro "Até breve, José", de seu falecido filho), a poeta também negra Mel Duarte, a antropóloga Mirian Goldenberg, a publicitária Sandra Turchi e a astrofísica e militante política Tabata de Pontes O único homem no evento como palestrante foi o engenheiro de alimentos e jornalista Facundo Guerra. As apresentações ficaram com Cazé Peçanha. Os temas oscilaram entre questões do movimento negro, combate às desigualdades sociais e emancipação feminina.

Ana aproveitou para contar sua curiosa história com os jogos eletrônicos.

Das empadas ao VR

Ana Ribeiro era funcionária pública do Tribunal de Justiça de São Luís. Tinha emprego garantido e boa renda, mas não era feliz no ofício. "O que você imagina fazer daqui pra frente? Essa pergunta mudou tudo para mim".

Com talento para os negócios desde pequena, Ana criou time profissional de Counter-Strike muito antes de eSports se tornarem um emprego. Vendeu coleções. Também colecionava itens do filme "De Volta Para o Futuro", uma de suas inspirações para o visual dos games ao lado do músico Michael Jackson. Apareceu no palco com cabelo repicado e um par de tênis colorido.

"Comecei vendendo empadas para uma parte do TJ e, quando me dei conta, consegui vender para uma repartição toda. O crescimento dos negócios me fez refletir se eu realmente gostava daquilo. Mas o que eu apreciava de verdade, desde nova, era jogar videogame. Então eu fui atrás deste sonho", frisou.

Foi assim que ela largou um emprego garantido de funcionária pública e um negócio de venda de empadas (curiosamente chamado Kero Mais) para ir fazer uma pós-graduação em Design e Desenvolvimento de Jogos na National Film and Television School do Reino Unido. Descoberta pela Eurogamer e pela mídia internacional em 2014, o Drops de Jogos passou a acompanhar a carreira dela e descobriu, junto com a imprensa brasileira, que ela foi a primeira mulher brasileira a desenvolver um jogo em realidade virtual (VR), antes de todos os outros.

O Oculus Rift surgiu em 2012 e foi comprado pelo Facebook por US$ 2 bilhões. Ana Ribeiro pegou a crista da onda e recebeu um financiamento de US$ 20 mil da aceleradora Boost, que trabalhava com a rede social no Vale do Silício. Morou tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá, depois de criar o game Pixel Ripped e apresentá-lo em Londres.

ARVORE

Hoje Ana Ribeiro faz parte da empresa ARVORE, de Ricardo Justus, filho do empresário Roberto Justus. Ela finaliza a versão final de Pixel Ripped 1989. "O jogo traz uma personagem inspirada na minha vida, que gosta dos videogames dos anos 80 e tem um portátil chamado Gamer Girl. Um menino descreveu meu game como 'tipo Inception': é um jogo dentro de outro".

Pixel Ripped de fato traz uma personagem 3D, Nicola/Dot, que controla outra em duas dimensões dentor de fases que lembram Mega Man e Metroid.

O game foi um sucesso em eventos como BRVR, focado em realidade virtual, que ocorreu em 2016. A última versão de Pixel Ripped 1989 chegou na Brasil Game Show 2017 e conquistou jogadores mirins que lotaram seu estande.

Se Ana tivesse se conformado com dinheiro ou com um emprego estável, jamais teria feito o que fez. Mas ousar e ir na frente dos demais é a tarefa daqueles que são realmente inovadores. Não é?

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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