O Black River Studio, de Manaus, anunciou ontem Finding Monsters, game para mobiles baseado na ideia de registro fotográfico de carismáticos monstrinhos em vários ambientes. Além de um roteiro atraente, inspirado em clássicos de outras linguagens, o game chama a atenção pela qualidade visual, com uma estética agradável de cores vibrantes, que remete aos livros infantis. Para conhecer melhor a produção artística do jogo, o Drops de Jogos conversou com Marcela Versiani, concept artist do estúdio sediado no Sidia, Samsung Instituto de Desenvolvimento para Informática da Amazônia. Abaixo, seguem trechos dessa animada conversa.
"Eu fui a concept artist responsável pela criação dos personagens, alguns itens, ilustrações e pelas ilustrações promocionais", explicou a designer visual, destacando que a produção do trabalho seguia uma certa estrutura de decisões, mas com muita liberdade de ação e integração entre os desenvolvedores do projeto, fruto da expertise de vários membros. "Nossa equipe conta com um diretor de arte já experiente em games, o Jesse Sosa, que atuou em jogos como BloodRayne 2 e Ghostbusters. Todas as decisões finais passavam por ele, porém, a equipe tem uma sinergia muito boa e ele dá bastante autonomia para os artistas. É um processo muito legal", informou, com visível empolgação.
O trabalho da artista foi realizado em parceria com outro talentoso profissional, incumbido de complementar o trabalho de design do projeto. "Nossa equipe possui dois concept artists, eu e o Doug Dominicalli, que chegou um pouco depois e ficou responsável pelos environments, pelo personagem Spindle e pela outra parte dos props, itens e ilustrações, entre outros", detalhou, indicando a importância da coesão entre as criações de cada um, incluindo a harmonia do projeto visual com a produção da trilha sonora do game: "A música e a arte estão casando perfeitamente… a atenção aos detalhes está super notável", acrescentou.
O trabalho musical do game é assinado por Antonio Teoli, músico experiente na composição de trilhas para games. "A música está sensacional, mas sou suspeita pra falar, é verdade", expressou entre risos. Esta união entre arte conceitual do jogo e composição musical é também resultado das referências que inspiraram a produção, de livros às obras cinematográficas, como narrou a artista: "Todo o processo de concept começa pela busca de referências e estudos até chegarmos numa direção desejada", afirmou. "Nós tivemos diversas inspirações, dentre elas Paranorman, Coraline e o filme antigo da Alice no País das Maravilhas, mas rolou muito brainstorm pra chegarmos nesse resultado final". Parte desse arsenal de referências vem também dos jogos que a profissional admira pela qualidade estética. "Um deles já é um pouco antigo mas até hoje não vi nada igual, e é um jogo que admiro muito, o Okami. Outros, eu diria que são Ori e Journey. São jogos maravilhosos e que saíram dos formatos convencionais", relembrou, sem deixar de destacar também as produções locais. "Entre os nacionais tem o Towerfall e o Rogue Legacy, que teve a arte feita por um brasileiro, o Glauber Kotaki. E com certeza pode mencionar o Toren dentre os que eu falei. Esse jogo está incrívelmente bonito", salientou.
Para Marcela, que conta com experiência de 14 anos no mercado de arte, a oportunidade de dedicar-se à produção de games em um empreendimento como o Black River Studio é um momento muito especial em sua carreira. "Nossa, é muito gratificante! Trabalhar com games sempre foi um grande objetivo pra mim e um projeto desses é um aprendizado sem igual, te tira da sua zona de conforto, te faz evoluir como profissional. Temos um time sensacional", afirmou com evidente entusiasmo. "Esse projeto é apenas o começo e fico muito feliz e orgulhosa em fazer parte dele", observou, evidenciando que parte importante do prazer na produção resulta da competência da equipe e da sintonia entre todos. "Estamos num nível absurdo. É muito legal poder trabalhar com profissionais do porte do Tony, do Jesse, do Chris Smith, que é nosso diretor criativo, e do Martin Olson, que escreveu o roteiro", disse, reconhecendo os parceiros da jornada amazônica.
Aos iniciantes na área, Marcela deixa sua dica: "O conselho que eu sempre dou é: respire referências e estude muito! Que seja uma hora por dia, mas arrume tempo pra ver o que os outros profissionais estão criando e estude bastante para se manter atualizado".
"Agradeço os feedbacks positivos que estamos recebendo e espero que o pessoal goste mais ainda quando jogarem o Finding Monsters Adventure", finalizou. Marcela pode ser contatada através do perfil público no Twitter e suas produções artísticas podem ser conferidas no site dedicado ao portfolio pessoal.
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