Mulheres nos comentários tentaram criticar de maneira sadia a abordagem, no mínimo, problemática do estupro e da falta do conceito de sexo consensual. "Descurtindo a página. Que decepção…" e "olha que legal #sqn", comentaram algumas leitoras. Qual foi a resposta oficial da página? Uma foto com a legenda "enquanto isso, na pia…".
Steam Brasil tem 40 mil curtidas no Facebook. Ele tem ideia do que está propagando ao brincar com sexo forçado? É a maior comunidade aberta baseada na loja do Steam fora da fanpage oficial. Não há nenhuma menor preocupação com a mensagem que é transmitida neste espaço?
Não se trata de fiscalizar o humor alheio, mas não há nada de engraçado ao utilizar um crime que torna vítima uma mulher a cada 10 minutos no Brasil. E não há nada de responsável ao dar uma resposta mal-humorada a uma crítica consistente dada por uma garota que sente na pele os riscos de estupro.
A comunidade nerd e gamer se sente inteligente e em evidência na sociedade, mas há muito preconceito, racismo e sexismo que é propagado de maneira leviana como esta postagem da comunidade Steam Brasil. E este tipo de conteúdo atinge, sem filtro nenhum, um público amplo que engloba crianças, jovens e adultos. Cada vez mais pessoas jogam videogame e a responsabilidade de quem produz conteúdo neste nicho está igualmente grande.
O Steam internacional, que é responsável por conectar cerca de 8,6 milhões de jogadores ao redor do mundo, certamente não gostaria de ter a sua marca atrelada com o crime de estupro. A atitude da fanpage nacional acaba prestando um desserviço a sua comunidade.
Brincar com estupro é um claro indício que alguns produtores de informação no meio dos videogames ainda são preconceituosos e não vêem problema em um crime que propaga o abuso que é o machismo.
Via Brasil Post