O console portátil Game Boy foi lançado no dia 21 de abril de 1989. Neste ano, o aparelho completou 25 anos. Eu nasci em 89. Muitos jogadores, desenvolvedores e entusiastas dos videogames têm mais ou menos a minha idade. Crescemos com consoles domésticos e computadores, mas aprendemos a ter paixão por jogos digitais em portáteis e, depois, nos smartphones e nos tablets. Claro que existem os jogadores do tempo do Atari e os mais novinhos do Call of Duty, mas nós somos a Geração Game Boy.
A experiência que temos com videogame é profundamente coletiva. O Game Boy era um dos poucos aparelhos que literalmente se conectava aos demais, através do Link Cable, que unia fisicamente os dispositivos por um cabo de duas pontas. Quando a internet começou a crescer no mundo todo, principalmente com a popularização da banda larga entre o final dos anos 90 e o começo dos anos 2000, não utilizamos mais componentes físicos para fazer a conexão. Bastava apenas estar online. Foi assim que vimos o sucesso de MMORPGs como Ragnarok Online e World of Warcraft, sendo que este último manteve a Blizzard lucrativa por cerca de 10 anos.
Um jogo que simboliza muito bem essa nossa Geração Game Boy é Pokémon, um sucesso de vendas da Game Freak e da Nintendo. Nesta semana, foi anunciado novos remakes das versões Ruby & Sapphire, batizados de Omega Ruby & Alpha Sapphire, para o mês de novembro deste ano. Os jogos originais foram lançados em 2003, enquanto os games atualizados e modernizados chegam em 2014, mais de 10 anos depois.
Por que uma franquia de jogos original de 1996, lançada no Japão para Game Boy, continua entre uma das 10 mais rentáveis do mundo vendendo versões atualizadas de games antigos? Porque Pokémon simboliza algo importante da minha Geração Game Boy: A conectividade. A história de Pokémon, de um herói que deve conquistar insígnias e vencer uma elite de treinadores de monstros, nunca foi o foco principal do videogame portátil. O real objetivo do jogo é treinar suas criaturas para vencer seus amigos, seja jogando através dos antigos Link Cables ou pela internet.
Pokémon Red e Blue foram fundamentais para difundir o game, junto com o desenho animado, no final dos anos 90. Em 2004 surgiram seus remakes: FireRed e LeafGreen – e não saiu nenhuma versão da Blue, mas sim uma atualização da Green lançada só no Japão. O mesmo aconteceu com Gold e Silver, lançados originalmente em 1999, com seus remakes HeartGold e SoulSilver, de 2009.
Mas a Geração Game Boy também sobrevive com novidades. Pokémon nas versões Black e White saiu em 2010, e suas continuações diretas vieram em 2012. Já as versões X e Y chegaram em 2013. E o que sustenta uma franquia com quase 20 anos de existência e milhões de cópias vendidas? Troca de Pokémons, que já são 719 monstros diferentes, e batalhas, que colocam amigos, familiares e rivais num jogo de RPG competitivo.
No dia 12 de fevereiro deste ano foi ao ar um jogo coletivo de Pokémon Red que chegou a ser jogado por 100 mil pessoas controlando o mesmo personagem numa sala da rede Twitch, usada originalmente apenas para ver jogos. O game coletivo ganhou o nome de Twitch Plays Pokémon e é a maior prova viva que esta geração que jogou muito Game Boy ainda está ativa. Eles jogaram, além da versão Red, Pokémon Crystal, Emerald, FireRed e agora estão interagindo numa versão Platinum. Um brasileiro chamado Thiago Péres Gomes chegou a jogar 15 horas seguidas do game coletivo, segundo sua entrevista à coluna Geração Gamer do TechTudo.
E é isso que esta geração de games simboliza, na minha opinião: Competitividade e conexões, com uma boa dose de nostalgia recente. Ela foi a última leva de gamers antes da formação dos atletas digitais que dominam a internet nos dias atuais, que são mais novos, jogam todos os dias e são perfeccionistas.
É por isso que eles são tão bons em jogos de tiros em primeira pessoa, como nós gostávamos de RPG de Game Boy.
Um pedaço do espaço
Mais de R$ 3 mil
Um programa foi bem
Centenas foram demitidos e olha que a Record não anda bem das pernas